Sámi do Norte da Finlândia se Beneficiam do Turismo Sustentável
Uma nova onda de experiências turísticas está permitindo que a comunidade Sámi, o único povo indígena da Europa, se beneficie do crescimento do turismo no norte da Finlândia. Essa mudança busca valorizar a cultura Sámi e proporcionar um olhar mais autêntico sobre suas tradições.
Interação com as Renas na Fazenda Reinina
As renas são parte vital da cultura Sámi e atraem muitos turistas. Raisa Kitti, que administra a Fazenda Reinina com seu marido, é uma das pessoas que oferece aos visitantes uma experiência única. Ao chegar à fazenda, os turistas são recebidos pelas renas que se aproximam para comer. Kitti apresenta cada rena, compartilhando detalhes sobre suas personalidades. Por exemplo, ela se refere a uma rena como "a grande chefe" e demonstra o carinho que tem por esses animais, mostrando como elas são sociáveis e afetuosas.
Preservando a Cultura Sámi
Enquanto as renas atraem visitantes, Kitti também trabalha para educá-los sobre a cultura Sámi. Ela organiza workshops que ensinam os turistas a fazer joias e lembranças utilizando peles de rena, além de aulas de culinária. Com isso, a Fazenda Reinina luta contra a imagem distorcida que turistas costumavam ter da vida Sámi, que era frequentemente apresentada por empresas não Sámi.
Inari: O Centro Cultural dos Sámi
A pequena aldeia de Inari, com uma população de cerca de 650 pessoas, é considerada a capital cultural dos Sámi na Finlândia. Nesta localidade, está o Parlamento Sámi e o Museu Siida, que foi renovado recentemente e é um importante ponto de referência para entender a cultura Sámi. O museu oferece uma imersão na história dos Sámi, apresentando objetos tradicionais, vestuário e exposições interativas que mostram a evolução e a contemporaneidade da cultura Sámi.
Recuperando a Narrativa Indígena
Nos últimos anos, a comunidade Sámi tem trabalhado para recuperar sua narrativa e proporcionar uma visão autêntica de sua cultura. Historicamente, o turismo nas regiões Sámi era dominado por empresas que ofereciam uma versão superficial das tradições, muitas vezes distorcidas e sem conexão com a realidade dos Sámi. Esse tipo de turismo não apenas não beneficiava economicamente a comunidade, mas também danificava suas áreas de pastagem e promovia conceitos errôneos sobre sua cultura.
Respeito e Ética no Turismo
Para combater esses problemas, Kirsi Suomi, coordenadora de projetos no Parlamento Sámi, tem promovido iniciativas de turismo sustentável. Em 2018, ela liderou a criação de diretrizes éticas que ajudam os turistas a interagir de maneira respeitosa com a cultura Sámi. Por exemplo, estas diretrizes alertam que pessoas vestidas em trajes tradicionais não são atrações turísticas e devem ser respeitadas. Além disso, desencorajam turistas a invadir terras privadas ou pastagens de renas.
Certificação e Educação para Turistas
Atualmente, Suomi está desenvolvendo um programa de certificação que permitirá aos turistas identificar empresas Sámi que operam de forma ética. Esse programa, que será lançado na Conferência Europeia de Turismo Indígena, reunirá representantes do turismo indígena da Finlândia, Noruega, Suécia e Gronelândia, destacando experiências autênticas e sustentáveis.
Mudança de Mentalidade entre os Visitantes
Kitti observa que muitos turistas estão buscando experiências mais éticas e autênticas. "As pessoas estão mais conscientes e querem aprender sobre a nossa vida e cultura", afirma. O turismo que promovem ajuda a gerar renda para a família de Kitti, garantindo os cuidados com suas renas e a preservação de suas tradições.
Desafios no Mercado de Lembranças
Entretanto, a batalha não é fácil. Muitos turistas ainda acabam comprando lembranças que perpetuam estereótipos desatualizados da cultura Sámi, como figuras do Pai Natal e acessórios que representam uma visão distorcida da identidade Sámi. Esses produtos estão disponíveis em lojas de souvenirs em Inari, onde é possível ver a luta entre o turismo comercializado e as verdadeiras experiências culturais oferecidas pela comunidade Sámi.
Conclusão: O Caminho para um Turismo Sustentável
A comunidade Sámi está em um processo de recuperação e reinvenção de sua identidade cultural no contexto do turismo. Com iniciativas que valorizam sua herança e promovem experiências autênticas, os Sámi esperam não apenas se beneficiar economicamente, mas também garantir que a verdadeira história e vivência desse povo sejam respeitadas e valorizadas.