Egito Propõe Plano para Reconstruir Gaza sem Deslocar População
O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, anunciou que seu país está desenvolvendo um plano para a reconstrução da Faixa de Gaza, com a intenção de não forçar a população palestina a abandonar o território. Essa proposta surge como uma alternativa à sugestão do ex-presidente Donald Trump, que propôs a remoção da população de Gaza e a criação de uma nova administração sob controle dos Estados Unidos.
Criação de "Áreas Seguras" em Gaza
De acordo com informações publicadas pelo jornal estatal egípcio Al-Ahram, o plano inclui a formação de "áreas seguras" dentro de Gaza. Nessas áreas, os palestinos poderão habitar temporariamente enquanto empresas de construção egípcias e internacionais trabalham para remover escombros e restaurar a infraestrutura da região.
Essa iniciativa acontece em meio a intensas discussões entre as autoridades egípcias, diplomatas europeus e países do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, Catar e os Emirados Árabes Unidos. Uma das principais preocupações é encontrar formas de financiar esse processo de reconstrução, que pode incluir uma conferência internacional sobre a revitalização de Gaza.
Reações ao plano de Trump
A nova proposta egípcia surge como resposta às controvérsias geradas pela sugestão de Trump, que mencionou transformar Gaza em uma espécie de "Riviera do Médio Oriente", mas sem permitir o retorno dos palestinos. Este plano foi criticado por muitos, que apontam para ele como uma possível tentativa de limpeza étnica. Os palestinos reafirmam seu apego à terra natal e rejeitam qualquer proposta que exija seu deslocamento. Países como Egito e Jordânia, apoiados pela Arábia Saudita, também se manifestaram contra o recebimento da população de Gaza.
Negociações para um Cessar-fogo Sustentável
Atualmente, a situação em Gaza se aproxima de um momento crítico. A primeira fase de um cessar-fogo está prevista para terminar no início de março de 2025. Israel e o Hamas ainda precisam chegar a um acordo sobre uma segunda fase, que permitirá a libertação de reféns detidos, a retirada de Israel da região e um fim duradouro para o conflito.
Qualquer plano de reconstrução será inviável sem um entendimento sobre a governança de Gaza no futuro. Israel exige a dissolução do Hamas como uma entidade política ou militar na região, e há uma hesitação por parte dos doadores internacionais em apoiar a reconstrução enquanto o Hamas continuar no poder.
O projeto egípcio sugere a criação de uma nova administração palestina, que não seja alinhada nem com o Hamas nem com a Autoridade Palestina, para supervisionar os esforços de reconstrução. Além disso, está prevista a formação de uma força policial palestina, composta em sua maioria por ex-policiais da Autoridade Palestina que permaneceram na faixa após o Hamas assumir o controle em 2007.
Reuniões entre Países Árabes para Discutir Proposta Egípcia
À medida que a proposta é discutida, países como França e Alemanha mostraram apoio à ideia de que nações árabes elaborem uma contraproposta ao plano de Trump. O presidente egípcio teve conversas sobre isso com líderes de outros países, incluindo o presidente francês. Nas próximas semanas, espera-se que representantes do Egito, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos e Jordânia se reúnam em Riade para discutir detalhadamente a proposta, antes de apresentá-la na cúpula árabe no final de março de 2025.
Fases da Reconstrução em Gaza
O plano elaborado pelo Egito prevê um processo de reconstrução dividido em três fases, que pode se estender por até cinco anos, tudo isso sem deslocar a população palestina. Durante um primeiro período de recuperação de seis meses, estarão disponíveis três "zonas seguras" dentro de Gaza, equipadas com moradias temporárias e fornecimentos humanitários.
Mais de duas dúzias de empresas, tanto egípcias quanto internacionais, estão previstas para participar da remoção dos destroços e da reconstrução das infraestruturas. Essa atividade não apenas visa restaurar a região, mas também poderá gerar dezenas de milhares de novos empregos para os habitantes de Gaza.