Nos últimos meses, a competição entre fabricantes de PCs esquentou, principalmente após o lançamento do Copilot+ pela Microsoft. Inicialmente, a Qualcomm tinha uma vantagem significativa, mas a AMD e Intel lançaram suas próprias versões de PCs com Copilot+, diminuindo essa diferença.
A AMD se destacou ao oferecer uma linha mais ampla de produtos compatíveis. Enquanto isso, a Intel focou no mercado mais premium. A Qualcomm viu uma queda em suas vendas e, embora ainda seja um nome forte no setor, a tendência foi favorecendo a AMD no mercado de laptops, mas a Intel continua como líder geral.
Então, por que a Qualcomm não conseguiu ganhar mais mercado? E o que aconteceu com a Intel que levou à saída de seu CEO? Vamos analisar esses pontos e, no final, vou mostrar um produto que tem facilitado muito a minha vida ultimamente.
### Por que os PCs com Copilot+ Não Decolaram
A Microsoft se apressou para lançar o Copilot+ com duas novidades principais. A primeira foi o Cocreator, uma versão do Dall-E, que poderia ser muito útil (eu mesmo uso bastante). A outra foi o Recall, uma ferramenta de indexação automática que ajudava a localizar arquivos difíceis de encontrar. Mas isso foi quase tudo que foi apresentado na estreia.
A Microsoft não posicionou bem o Recall e acabou tendo que recuar. O Cocreator funcionando em laptops não chamou tanta atenção, especialmente porque a galera costuma usar gráficos em desktops ou estações de trabalho.
Assim, durante um bom tempo, o Copilot+ da Qualcomm era quase o único disponível. Como as pessoas não estavam tão empolgadas com o Copilot+, quando a Microsoft começou a mostrar as capacidades de IA da sua suíte Office, já existiam PCs da AMD e Intel prontos para usar. O problema é que a Qualcomm não tinha uma marca reconhecida no mercado de PCs como a AMD ou a Intel. Além disso, seus produtos tinham problemas de compatibilidade, o que fez com que empresas grandes não adotassem suas soluções.
Para vender as características do Copilot+ localmente, precisaria de uma grandiosa campanha de marketing, que não aconteceu. Com isso, os PCs de IA acabaram virando um projeto da AMD e Intel, com a Qualcomm ficando cada vez mais de lado.
### O Que a Qualcomm Poderia Ter Feito
A Qualcomm tinha três grandes vantagens no mercado: ótima duração de bateria, a melhor conectividade sem fio entre os três concorrentes e domínio no segmento de smartphones premium, que são basicamente PCs portáteis.
A Qualcomm se focou bastante em IA, área em que a Microsoft deixou a desejar. Falou sobre a vida útil da bateria, mas não conseguiu fazer com que seus PCs fossem compatíveis com 5G, perdendo essa vantagem. Também não elaborou uma narrativa que conectasse seu sucesso no mercado de smartphones com o de PCs.
Entrar num mercado onde a AMD e Intel já estão bem consolidadas é bem complicado, mas a Qualcomm pareceu não dar a devida atenção a isso. Além do mais, como enfrentou problemas de compatibilidade, deveria ter direcionado esforços de marketing para usuários que não precisassem de aplicativos específicos, como consultores e pequenos empresários.
Infelizmente, a Qualcomm não mirou nesse público. Mesmo com melhorias na compatibilidade, o interesse pelas suas ofertas foi minguando.
Outra estratégia seria criar um produto que ressaltasse suas qualidades. O HP Folio PC poderia ter sido esse destaque; ele usava um processador mais antigo da Qualcomm, mas a configuração era ideal para o público-alvo. No entanto, a HP acabou descontinuando o dispositivo.
A perda do Folio PC foi uma grande decepção, pois era um dos meus favoritos. Com um bom planejamento e marketing, um PC patrocinado pela Qualcomm poderia ter chamado a atenção dos potenciais usuários.
### Desafios da Intel e Mudanças na Liderança
Intel e Microsoft nem sempre tiveram uma boa relação, o que atrapalhou as execução de ambas. A Intel costumava desconsiderar as sugestões da Microsoft, levando esta última a buscar parcerias com a Qualcomm. Apesar da boa reputação da AMD em desempenho, ela não tinha nada pronto no lançamento, o que deu à Qualcomm uma grande vantagem inicial que não soube aproveitar.
Essa falha parece estar ligada à decisão de um ex-CEO de desviar foco da tecnologia de PCs para smartphones, o que não deu certo e levou a Intel a ficar para trás em comparação com a AMD e a Qualcomm.
Recentemente, a Intel perdeu seu CEO em parte por conta de mudanças na liderança dos EUA, o que gerou algumas tensões e a esperada perda de financiamento para seus negócios de fabricação.
Essa situação reflete a resistência do mercado a mudanças estratégicas que comprometem o desempenho imediato. A Intel agora possui co-CEOs, o que pode ajudar na execução tática, mas dificulta decisões estratégicas. O suporte de marketing ficou aquém do necessário e o CTO estava mais para COO, afetando o desempenho geral da empresa.
A Intel precisa de um CTO de verdade para mudar sua imagem no mercado e melhorar seus resultados.
### Como a AMD Superou Intel e Qualcomm
Dentre os três, a AMD foi a que mais se destacou: trabalhou duro e simplesmente alcançou resultados expressivos, a ponto de sugerir até mesmo a compra da Intel. A Qualcomm estava na lista de empresas interessadas na Intel, mas devido à complexidade e tamanho da Intel, essa aquisição parece improvável.
Caso isso ocorra, a AMD pode ter vantagem, já que compartilha tanto a cobertura de mercado quanto a tecnologia x86, permitindo uma transição mais suave. Apesar de a AMD estar em boa fase, a complexidade da Intel e os problemas agudos que enfrenta tornam a aquisição algo difícil de acontecer.
No entanto, quando a IA começou a ganhar força, foi a AMD que se beneficiou mais, pois sua execução foi superior à da Qualcomm e Intel. Ter foco fez toda a diferença, e a AMD apresentou crescimento significativo, refletido em resultados financeiros sólidos.
A AMD poderia ter desbancado a Intel nesse ciclo, mas para isso seriam necessárias aportes financeiros significativos. Como mencionado, o mercado não favorece estratégias que priorizam o futuro em detrimento do presente. A AMD jogou bem suas cartas.
### Conclusão: Supremacia da IA com Nvidia e o Futuro nos PCs
Esses últimos meses, desde o lançamento do Copilot+, foram muito interessantes. A execução foi crucial, e a AMD superou Qualcomm e Intel simplesmente ao se manter fiel ao que faz de melhor. Contudo, a Nvidia é quem lidera o setor de IA em hardware e está em boa posição para roubar mercado da Qualcomm.
A Nvidia já se destaca com sua liderança em IA e um processador baseado em Arm a caminho, que pode agitar o mercado conforme a tecnologia avança. A Nvidia parece estar mais disposta a atender tanto desktops quanto laptops, enquanto os PCs desktop foram deixados de lado no lançamento do Copilot+, mesmo sendo a plataforma preferida para ferramentas como Cocreator.
Estamos apenas começando a surfar a onda da IA. No final desse processo, tanto smartphones quanto PCs serão substituídos por hardwares que vão facilitar a interação com IAs de uma maneira que não conseguimos fazer com PCs. Uma grande transformação está a caminho, e apenas a Nvidia parece realmente preparada para liderar essa mudança.