Reynaldo Gianecchini vive uma fase de transformação tanto na arte quanto na vida pessoal. Atualmente, ele se dedica ao filme “Diminuta”, onde aprendeu a tocar saxofone em um período curto, confraternizando com a complexidade do instrumento. O longa-metragem conta a história de Cristiano, um homem que busca se reconnectar com a música e suas memórias de infância, cruzando trajetórias entre o Brasil e a Itália.
A música é um elemento central do filme e, para Gianecchini, ela representa um caminho para superar medos e inseguranças. Ele afirma que a terapia ajudou a entender suas partes mais sombrias, permitindo uma evolução pessoal e artística. “Hoje, a maturidade me faz buscar conversas que transformam”, diz Gianecchini, enfatizando a importância de se escutar e se conectar aos outros de maneira honesta e aberta.
Aos 53 anos, o ator se sente mais autônomo em suas escolhas profissionais e menos dependente da aprovação do público. Ele examina as pausas necessárias em sua vida, que se realiza quando se reconecta com a natureza. “Não abro mão desses momentos”, afirma, insistindo na importância do autocuidado.
Além de “Diminuta”, Gianecchini também brilha no teatro com o espetáculo “Um Dia Muito Especial”, ao lado da atriz Maria Casadevall. Neste projeto, eles abordam temas delicados, como a homofobia e o machismo, mostrando como conversar mesmo em um mundo polarizado. Ele destaca a relevância do diálogo e da escuta nas relações humanas, especialmente em tempos difíceis. “Estamos vivendo um momento de incomunicabilidade, e a arte pode ajudar a reverter isso”, comenta.
O ator também foi lembrado recentemente por seu papel na novela “Laços de Família”, que fez parte de sua carreira por mais de 20 anos. No entanto, ele admite que não tem interesse em voltar a fazer novelas, buscando novas formas de narrar histórias em projetos mais contemporâneos, incluindo cinema e streaming. “Agora quero outras narrativas, outros jeitos de contar histórias”, afirma.
Gianecchini saiu da Globo em 2021, após um longo período na emissora. Ele descreve esse desfecho como algo natural e necessário para sua liberdade criativa. “Foi na hora perfeita”, conclui. Por mais que ele não feche portas, tem uma abordagem leve sobre o futuro. “Nunca digo nunca, mas acho pouco provável voltar a fazer novelas”, explica.
Atento às mudanças na teledramaturgia, Gianecchini percebe que as novas gerações se relacionam diferentemente com o conteúdo, principalmente através das redes sociais. Eles absorvem a cultura de uma maneira nova, o que faz com que ele busque produções que dialoguem com esses novos hábitos.
Nos palcos, a experiência intensa de atuar e produzir traz satisfação. “Me sinto mais completo como artista”, diz ele sobre o processo de criar e desenvolver seus próprios trabalhos. Embora reconheça a responsabilidade que vem com isso, Gianecchini acredita que o amor pelo que faz transforma o esforço em uma nova energia.
A música, em “Diminuta”, não é apenas uma habilidade a ser dominada; é um elemento que guia o personagem de volta a si mesmo, assim como o ator se reconecta com sua essência por meio da música. Através dessa experiência e de sua jornada no cinema e no teatro, Gianecchini explora a importância da escuta e do entendimento em um mundo muitas vezes repleto de barreiras. O ator mantém uma visão esperançosa e aberta para os desafios e mudanças que estão por vir.