O ministro Cristiano Zanin, que atualmente preside a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), está diante de um desafio significativo: julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse contexto é bastante simbólico, considerando que Zanin foi crítico da maneira como processos judiciais foram conduzidos durante sua atuação como advogado de Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente na Operação Lava Jato.
Na época, Zanin questionou a velocidade com que os processos avançaram, o que resultou na condenação de Lula no caso do tríplex do Guarujá e o tornou inelegível para as eleições de 2018. Agora, o julgamento de Bolsonaro também deve ser realizado de forma rápida para evitar interferências nas eleições presidenciais previstas para 2026. Os advogados de defesa de Bolsonaro já manifestaram a intenção de questionar tanto os prazos como os métodos de tramitação do caso.
Zanin, que foi indicado para o STF por Lula em 2023, se destacou por criticar o tratamento desigual entre a defesa e a acusação durante a Lava Jato. Ele argumentou que a rapidez nos processos comprometeu a justiça e a imparcialidade dos julgamentos. Outra de suas críticas foi o local onde os processos de Lula foram julgados, alegando que a 13ª Vara Federal de Curitiba, sob a presidência do então juiz Sergio Moro, não era o fórum adequado para esses casos.
A 1ª Turma do STF, que será responsável por julgar o caso de Bolsonaro, é composta por Zanin, Alexandre de Moraes, que é o relator do processo, Flávio Dino, Luiz Fux e Cármen Lúcia. Não fazem parte dessa turma os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça, ambos indicados por Bolsonaro, que têm adotado posturas mais suaves em casos relacionados aos eventos de 8 de janeiro.
Cristiano Zanin, que ganhou notoriedade nacional ao defender Lula nos casos de corrupção, sempre argumentou que houve parcialidade nas condenações do ex-presidente, especialmente sob a condução de Sergio Moro, que depois se tornou ministro de Bolsonaro e atualmente é senador.
No decorrer das investigações sobre possíveis planos de golpe de Estado associados a Bolsonaro, a defesa do ex-presidente questionou a imparcialidade de Moraes, já que um dos planos envolvidos mencionaria até o sequestro e a morte do ministro. Além disso, a defesa solicitou um período de 83 dias para apresentar sua defesa prévia. Esse tempo corresponde ao que a Procuradoria-Geral da República levou para formular a acusação contra Bolsonaro e outros 33 réus no STF.
Esse cenário revela as complexidades do sistema judiciário brasileiro e as tensões políticas envolvidas, especialmente no que se refere à condução de processos envolvendo figuras proeminentes da política nacional. O desfecho do julgamento de Jair Bolsonaro poderá impactar significativamente o cenário político do Brasil e as próximas eleições.