O vice-líder do PSD na Câmara dos Deputados, Reinhold Stephanes, manifestou seu apoio ao pedido de urgência para o projeto de anistia, com a intenção de acelerar a tramitação da proposta. O presidente do partido, Gilberto Kassab, tem se mostrado mais cauteloso e evitado comentar publicamente sobre a situação. Nos bastidores, Kassab defende que o PSD permita que seus parlamentares votem segundo suas próprias convicções, sem uma orientação fechada do partido.
Ex-presidente Jair Bolsonaro tem buscado se reunir com Kassab, especialmente durante suas visitas a São Paulo, onde se hospeda no Palácio dos Bandeirantes. Nesses encontros, Bolsonaro tem conversado sobre o apoio do PSD ao projeto de anistia, e as discussões entre eles têm avançado, apesar das divergências que tiveram no passado.
A situação dentro do PSD é complexa, pois, mesmo fazendo parte da base de apoio ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o partido possui uma ala que se inclina mais para a oposição. Stephanes, que está nesse grupo, é próximo do governador do Paraná, Ratinho Jr., que é visto como um possível candidato à presidência em 2026. Essa divisão interna ilustra como as alianças políticas podem ser complicadas.
O PSD ocupa ministérios importantes, como os de Agricultura, com Carlos Fávaro; Minas e Energia, com Alexandre Silveira; e Pesca, sob a liderança de André de Paula. A aprovação do pedido de urgência para o projeto de anistia eliminaria a necessidade de discussão em uma comissão especial, impulsionando a medida na Câmara dos Deputados. A expectativa é que a proposta seja votada em abril.
Além disso, o ministro Alexandre de Moraes, que é responsável por um inquérito sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, está tentando pressionar Kassab para que não apoie a anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro. Para isso, Moraes reviveu uma investigação da Lava Jato que estava sob os cuidados da Justiça Eleitoral de São Paulo desde 2019, onde Kassab é réu por corrupção passiva, caixa dois e lavagem de dinheiro. Moraes tomou essa decisão levando em conta um novo entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre a questão do foro privilegiado, que agora pode se manter mesmo após a saída da autoridade do cargo, se os crimes tiverem sido cometidos durante o exercício da função.