O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, está sendo investigado em um inquérito que apura um suposto plano golpista. Vasques foi à frente da PRF durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e recentemente se pronunciou sobre a atuação da corporação durante as eleições de 2022. Ele afirmou que todas as operações realizadas pela PRF durante o segundo turno do pleito seguiram os procedimentos normais da instituição.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) fez denúncias contra Vasques, alegando que suas ações na PRF foram direcionadas para beneficiar a candidatura de Bolsonaro, o que dificultou o voto de eleitores no Nordeste, uma região que historicamente apoia o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A defesa de Silvinei Vasques argumenta que ele foi injustamente envolvido em uma narrativa sem fundamentos. Os advogados destacam que não há evidências concretas de que o ex-diretor tenha tentado, de qualquer maneira, obstruir ou dificultar o direito ao voto dos cidadãos brasileiros. Eles afirmaram que a PRF atuou com profissionalismo em um ambiente de alta polarização política e disputas intensas, priorizando a segurança dos eleitores durante o deslocamento.
Silvinei Vasques apresentou uma resposta inicial à PGR, que foi elaborada por uma equipe de seis advogados. Durante essa resposta, eles refutaram a ideia de que as operações da PRF no Nordeste durante as eleições foram anormais. De fato, as atividades da PRF na região foram mais intensas do que em outras partes do Brasil, mas, segundo os advogados, isso é comum devido à maior presença da corporação no Nordeste, que possui uma vasta malha viária e um grande número de delegacias.
A defesa também explicou que o plano de trabalho da PRF para as eleições foi desenvolvido levando em conta as necessidades reportadas localmente pelas delegacias da PRF. Isso indica que o planejamento foi feito de maneira colaborativa, levando em conta a experiência e as preocupações locais, ao invés de ser imposto de forma rígida pela liderança da instituição.
Especificamente, os locais onde a PRF atuou durante o segundo turno foram indicados pelas próprias delegacias, com base em dados sobre criminalidade, segurança viária e pedidos de outros órgãos governamentais. Isso mostra um esforço para atender às demandas específicas de cada região.
Silvinei Vasques também negou que a PRF tenha realizado bloqueios nas estradas, afirmando que o que ocorreu foram pontos de fiscalização fixa, onde equipes da PRF apenas observavam e realizavam verificações sem bloquear o tráfego. Durante o segundo turno, a PRF fiscalizou 19.300 veículos e 618 ônibus, e os advogados de Vasques afirmaram que 58% das abordagens a veículos de passeio foram concluídas em até cinco minutos. No caso dos ônibus, 72% foram liberados em menos de 15 minutos.
A defesa argumentou que as operações da PRF são rutinárias e que os procedimentos seguidos durante as eleições não causaram interrupções significativas no fluxo de tráfego nas estradas. Nesta linha, os policiais normalmente não abordam mais de um veículo ao mesmo tempo, especialmente em casos de ônibus, que necessitam de um efetivo maior para uma fiscalização adequada.
O caso agora será analisado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se aceita ou não a denúncia contra Silvinei Vasques e outros 34 indivíduos envolvidos no inquérito. Até o momento, a data do julgamento não foi definida.