A escolha da deputada federal Gleisi Hoffmann, que também é presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), para assumir a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) gerou reações intensas no mercado financeiro. Na última sexta-feira, 28 de julho, o dólar teve uma alta de 1,5%, fechando a R$ 5,91, e a Bolsa de Valores brasileira (B3) caiu 1,6%. Especialistas acreditam que essa indicação trouxe incertezas sobre como será a política econômica do governo.
Gleisi Hoffmann é vista por muitos investidores como integrante da ala mais radical do PT, uma posição que frequentemente critica o mercado financeiro. Sua resistência a medidas de ajuste fiscal gera preocupações sobre a saúde financeira do país e a capacidade do governo de controlar as contas públicas. Os investidores temem que a abordagem dela torne mais difícil a implementação de uma agenda econômica sólida.
Durante sua atuação no partido, Gleisi se manifestou contra a política de austeridade fiscal, chamando-a de “austericídio fiscal”. Essa visão está em desacordo com a busca por um equilíbrio fiscal, defendida por uma parte da equipe econômica do governo.
Essa nova situação pode afetar a posição do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A resistência de Gleisi ao ajuste fiscal pode levar a uma diminuição da influência que Haddad tem sobre as políticas financeiras. Entretanto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua a expressar apoio ao ministro.
Gleisi Hoffmann também é uma crítica da atuação do Banco Central e das altas taxas de juros. Ela já se manifestou contra o antigo presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e mesmo após a escolha de um novo presidente, Gabriel Galípolo, em janeiro, criticou a manutenção da taxa Selic em 13,25% ao ano, ainda que tenha evitado ataques diretos ao novo dirigente.
Analistas apontam que o perfil combativo de Gleisi pode dificultar a articulação política entre o governo e o Congresso Nacional. Essa mudança na liderança das Relações Institucionais pode apresentar novos desafios na relação entre o Poder Executivo e o Legislativo.
Gleisi Hoffmann é natural de Curitiba, tem 59 anos e se formou em Direito pela Universidade Federal do Paraná. Ela preside o PT desde 2017, mas precisará deixar essa posição para assumir o ministério. Além de ser deputada federal pelo Paraná, ela já foi senadora entre 2011 e 2019 e atuou como ministra-chefe da Casa Civil no governo de Dilma Rousseff de 2011 a 2014. Entre 2003 e 2006, Gleisi foi diretora financeira da Itaipu Binacional.