Nos últimos meses, a avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem enfrentado uma queda significativa, especialmente entre os eleitores do Nordeste, onde sua popularidade sempre foi alta. Essa situação tem gerado preocupações entre aliados políticos na região, que começaram a exigir mudanças na forma como o governo está sendo conduzido, algo que pode afetar as eleições de 2026.
Uma pesquisa recente revelou que a aprovação de Lula caiu de 35% para 24% em apenas dois meses, alcançando o seu ponto mais baixo em seus três mandatos. No Nordeste, a situação é ainda mais alarmante: a proporção de pessoas que avaliam o governo como ótimo ou bom despencou de 49% para 33%. Essa região, que abriga cerca de 25% do eleitorado brasileiro, foi crucial para a vitória de Lula nas eleições de 2022.
Esse declínio na popularidade de Lula ocorre em meio a desafios enfrentados pelo governo, incluindo um episódio relacionado a problemas com pagamentos e a crescente inflação dos alimentos, que impactou principalmente as famílias de baixa renda. A aprovação do presidente entre eleitores que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, caiu de 45% para 29%.
Analistas políticos acreditam que a boa memória dos primeiros mandatos de Lula, que foram de 2003 a 2010, pode não ser suficiente para garantir a continuidade do apoio nas próximas eleições. Essa nova realidade levanta dúvidas sobre a habilidade do presidente em transferir votos para aliados, uma estratégia que sempre foi considerada fundamental nas eleições no Nordeste.
Em 2022, Lula foi essencial para a eleição de oito dos nove governadores nordestinos. A única governadora que não recebeu seu apoio foi Raquel Lyra, do PSDB de Pernambuco, mas ela tem buscado uma aproximação com o petista.
Governadores da região têm declarado que a baixa popularidade de Lula pode ser temporária e revertida, mas enfatizam a necessidade de mudanças para recuperar a confiança do eleitorado. Alguns, como Elmano de Freitas, do Ceará, sugerem uma reorganização significativa na equipe de governo e um foco maior nas entregas. Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, recomenda que Lula aumente sua presença na região, enquanto Rafael Fonteles, do Piauí, destaca a importância de uma comunicação mais eficaz.
Os governadores consideram que a relação com Lula é benéfica para ambos os lados, com os aliados ganhando prestígio e os governadores precisando manter os laços com líderes locais. Contudo, a diminuição da popularidade de Lula coloca esse relacionamento sob pressão, especialmente com a interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) em emendas, que tem gerado insatisfação entre políticos locais.
A oposição, por sua vez, está atenta a essa fase delicada e vê uma oportunidade para fortalecer sua posição nas próximas eleições. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, está preparando o lançamento de sua pré-candidatura à presidência na Bahia, com a expectativa de que a atual situação favoreça candidatos de direita e centro-direita. Ele ressalta que o momento é diferente do de 2022, quando Lula tinha uma força considerável no Nordeste.
Apesar reconhecermos que os últimos meses foram complicados para o governo, aliados de Lula afirmam que o apoio do Nordeste ainda é sólido. Eles destacam que a conexão de Lula com a região transcende alianças políticas, sendo uma relação construída ao longo de anos através de trabalho e dedicação.
Contudo, desde o início de 2024, Lula visitou o Nordeste apenas uma vez, em Paramirim, Bahia. Aliados esperam que o presidente inclua a região em sua agenda futura, realizando inaugurações de obras e anunciando novos projetos, com o objetivo de reconquistar a confiança do eleitorado nordestino.