O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, participou de uma entrevista na última terça-feira, dia 11, onde falou sobre as melhorias na segurança pública e fez críticas à política de segurança do governo federal.
Derrite se manifestou sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de Segurança Pública, elaborada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Ele se mostrou preocupado com a proposta, dizendo que “nenhum governador vai aceitar essa invasão de competências que fere o pacto federativo”. Em outras palavras, ele acredita que a proposta poderia interferir nas obrigações e responsabilidades dos governos estaduais, o que não seria aceitável.
O secretário também levantou uma questão importante sobre a falta de uma política nacional para combater o tráfico de drogas. Ele perguntou: “Por que não estabelecer uma política de fronteiras para evitar que a droga chegue e saia de portos e aeroportos internacionais?” Segundo Derrite, o combate ao crime organizado não parece ser uma prioridade para o atual governo federal.
Ele criticou ainda a legislação penal e algumas decisões judiciais que, segundo ele, favorecem a impunidade. Para ilustrar sua afirmação, o secretário contou o caso de um casal de 75 anos que foi mantido refém em Itaquaquecetuba por quatro criminosos. Esses sequestradores foram liberados em uma audiência de custódia, levantando questões sobre a eficácia do sistema judicial. Além disso, citou o exemplo de um traficante que havia sido preso com quase 900 quilos de cocaína e também foi liberado, causando indignação.
Ao falar sobre os avanços em São Paulo, Derrite destacou que o Estado alcançou a menor taxa de homicídios desde 2001. Ele mencionou que 2023 já tinha estabelecido um recorde de redução, e a expectativa é que 2024 continue com esses índices baixos. Ele atribui essa melhoria ao trabalho estratégico das forças policiais, que teve o apoio do governo estadual. Foram contratados mais de 9,3 mil policiais civis e militares para fortalecer as equipes de segurança.
O secretário também notou reduções em outros tipos de crime, mencionando uma queda de 20,4% nos roubos, 25% nos roubos de veículos e 27% nos roubos de carga em comparação a 2022. Ele explicou que essas conquistas vêm de uma abordagem estruturada que abrange a captura de líderes do crime, a quebra da logística do tráfico de drogas e o bloqueio da lavagem de dinheiro.
Derrite destacou a importância de aproveitar bens apreendidos de criminosos para melhorar a segurança pública. O governo estadual implementou um decreto que permite que valores e propriedades adquiridas com dinheiro do crime sejam utilizados para financiar ações de segurança. Isso já resultou na apreensão de milhões de reais.
Outro tema importante que foi discutido é a privatização do Porto de Santos, que é fundamental para lidar com o tráfico internacional de drogas. O secretário comentou que, ao privatizar, uma empresa privada seria responsável pela gestão do porto, o que ajudaria a melhorar a segurança e a evitar o envolvimento do crime organizado.
Derrite também explicou o funcionamento do tráfico de drogas, mencionando que o lucro chega a ser exorbitante quando a cocaína é exportada. Um quilo de pasta base de cocaína pode custar cerca de mil dólares na Bolívia, mas, ao chegar a mercados da Europa e Ásia, o preço pode saltar para até 80 mil dólares.
Apesar das dificuldades financeiras, ele reafirmou que São Paulo está investindo em tecnologia para reforçar a segurança, como o programa Muralha Paulista, que visa implementar reconhecimento facial e leitura de placas de veículos em todo o Estado.