Um relatório da Polícia Federal, parte da Operação Emendário, trouxe à tona um pagamento de R$ 5 mil do empresário Eduardo José Barros Costa, conhecido como Eduardo DP, para Cristiane Leal Sampaio, que ocupa o cargo de secretária nacional de Políticas de Turismo. Eduardo DP é investigado por ser sócio oculto da empresa Construnorte e foi preso em novembro do ano passado, suspeito de participar de um esquema irregular envolvendo a venda de emendas parlamentares.
A investigação da Polícia Federal está focada em três emendas parlamentares que totalizam R$ 6,7 milhões, destinadas ao município de São José de Ribamar. Segundo os documentos, a quadrilha teria exigido pelo menos R$ 1,6 milhão como propina do então prefeito Eudes Sampaio. Após receber ameaças, o prefeito denunciou a situação à polícia, e o caso foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2021.
O relatório revela que Cristiane Sampaio estava fornecendo informações a João Batista de Magalhães, que é assessor do deputado Josimar Maranhãozinho, sobre o processo de liberação de recursos em convênios firmados entre a Codevasf e as cidades de Bacabeira e Santa Rita. Esses convênios, que têm como objetivo a pavimentação de ruas, foram executados pela Construtora Guimarães, cujo dono é Ivanuto Soares Guimarães, que já foi preso pela PF em 2009.
As operações financeiras relacionadas a essas emendas foram viabilizadas por uma emenda de relator, a número 1.480, o que dificulta a identificação do parlamentar que formulou a proposta, no contexto conhecido como “orçamento secreto”.
Durante as investigações, foram encontradas mensagens trocadas entre Cristiane e Magalhães, onde ele se referia à secretária como “Cris/Segov”. Em uma conversa via WhatsApp, Magalhães mencionou que o pagamento de R$ 5 mil para Cristiane, identificado como um “Pix”, já havia sido feito. As mensagens indicam que Cristiane utilizava uma chave Pix registrada em Brasília para receber esse valor.
Além disso, as investigações também se concentram em Josimar Maranhãozinho, Pastor Gil e Bosco Costa, todos ligados ao mesmo esquema de corrupção que envolve a devolução de verbas. A relação próxima entre Magalhães e Eduardo DP, também mencionado na Operação Benesse, foi destacada como parte das interações que estão sendo monitoradas pela polícia.
Desse modo, a situação se desdobra em um contexto mais amplo de investigação sobre corrupção e práticas irregulares na gestão de emendas parlamentares no Brasil.