Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro estão acusando Alexandre de Moraes, um dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), de ter agido de maneira coercitiva e até torturante durante a audiência com o tenente-coronel Mauro Cid. Essa audiência ganhou destaque após a divulgação de um vídeo, que aconteceu na quinta-feira, dia 20, quando Moraes decidiu retirar o sigilo de um acordo de delação premiada do militar. Essa ação foi tomada logo após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar uma denúncia sobre uma suposta trama para golpe de Estado.
O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, afirmou que Mauro Cid alterou sua versão dos acontecimentos no exato momento em que foi ameaçado de prisão pelo ministro. Flávio descreveu essa situação como tortura, citando que Cid ficou sem ver sua família e foi ameaçado de que seus entes próximos poderiam ser presos também. Ele comentou que, sob essa pressão, a pessoa pode acabar inventando coisas para tentar conseguir uma saída.
Outro membro da oposição, o deputado Sóstenes Cavalcante, comentou que a situação configurava “coação premiada”. Para ele, ameaçar a prisão não só do próprio investigado, mas também de seus familiares, é uma forma de tortura. Ele destacou que o que ocorreu com Cid não pode ser chamado de delação premiada, pois houve pressões e ameaças.
A divulgação do acordo de delação mostrou que Cid mudou informações importantes em seu depoimento na hora em que Moraes ameaçou revogar a colaboração e aumentar as investigações sobre sua família. Isso levantou preocupações sobre a legalidade e a ética do processo.
O deputado Nikolas Ferreira criticou a atitude de Moraes, dizendo que ele intimidou Cid para alterar seu depoimento. Ferreira questionou onde estava a resposta do Senado diante dessa situação, enquanto Marcel Van Hattem, também deputado, fez comparações com práticas de tortura do passado, expressando indignação com as ameaças feitas a Cid e sua família.
O ex-deputado Deltan Dallagnol, que atuou na Lava Jato, também se manifestou nas redes sociais. Ele lembrou declarações de ministros do STF que condenaram práticas semelhantes em casos anteriores, demonstrando preocupação com a coerência das posturas dos ministros, especialmente em relação ao tratamento de outras pessoas no passado. Dallagnol destacou que, em 2023, os ministros criticaram métodos de interrogatório que poderiam ser considerados abusivos, fazendo uma analogia com a situação atual de Mauro Cid.
Essa série de eventos e declarações evidencia um momento tenso na política brasileira, com questionamentos sobre a integridade dos processos judiciais e as práticas adotadas durante investigações.