Em 2008, um casal decidido a mudar de vida deixou Iowa e se mudou para Oregon, atraído pela ideia de que o estado era mais resistente às mudanças climáticas. A decisão foi influenciada por uma grande enchente que atingiu a região leste de Iowa, que devastou a área e levou muitos a repensarem suas escolhas de moradia. Para eles, essa mudança não foi apenas um deslocamento físico, mas também uma oportunidade de encontrar um novo lar que se alinhasse com seus valores.
A cada nova reportagem sobre Portland, uma cidade da Oregon, surgiam informações sobre suas qualidades, como a sustentabilidade e a rica cultura local, que incluía desde uma forte cena de cultivo de cogumelos até uma abundância de livrarias e cafeterias. O marido da mulher, Adam, estava particularmente interessado na resiliência do estado em relação a desastres climáticos. Na época, eles investigavam tendências climáticas e descobriam que, enquanto parte dos EUA se tornava cada vez mais propensa a desastres naturais, o Vale do Willamette, em Oregon, mostrava um futuro menos ameaçador.
O casal inicialmente se via como “pioneiros”, confiantes em sua capacidade de enfrentar desafios. No entanto, com o passar dos anos e à medida que mais pessoas se tornavam conscientes da gravidade das mudanças climáticas, eles preferiram se auto-intitular “movedores de mudança climática”. Oregon, porém, não era uma terra de tranquilidade, pois relatos de um possível grande terremoto na região já eram motivo de preocupação. Este evento poderia devastar áreas ocidentais do estado, como alertou um diretor da FEMA.
A nova vida em Oregon trouxe uma variedade de experiências, mas também desafios emocionais. No lar em Salem, onde se mudaram para uma antiga casa de fazenda, a mulher se aventurou na escrita e se tornou blogueira, compartilhando suas impressões sobre a cidade. Entretanto, a adaptação não foi fácil. A solidão e o desafio de criar um filho, enquanto buscava novos amigos e oportunidades, pesavam sobre ela.
Após três anos, eles decidiram mudar novamente, agora para McMinnville, uma cidade conhecida por sua produção de vinhos. A ideia de viver em uma região vinícola parecia atraente, mas o que realmente os manteve em Oregon foi a legislação ambiental que protege as áreas rurais e incentiva um crescimento urbano sustentável.
À medida que o clima continuava a mudar, eles enfrentaram novas realidades. Em 2020, um ano marcado por incêndios florestais, a qualidade do ar ficou tão ruim que a família precisou abrigar suas galinhas dentro de casa. Neste período, eles se prepararam mais do que antes, organizando mochilas de emergência e estocando água. Em 2021, o impacto de mais incêndios florestais e a destruição da colheita de uvas fizeram com que eles reconsiderassem sua decisão inicial de se mudarem.
Com o tempo, a família se adaptou e começou a valorizar a comunidade em que viviam. As crianças formaram amizades e a vida em McMinnville tornou-se mais rica e gratificante. Eles não dependiam do isolamento e, com um sentimento crescente de comunidade e conexão, o medo das catástrofes climáticas se misturou à realidade cotidiana.
O relato da mulher reflete como, ao escolher investir na comunidade e buscar criar raízes, muitas pessoas podem descobrir sua verdadeira felicidade e o que realmente as mantém em um lugar. Apesar dos desafios enfrentados pela crise climática, a ideia de pertencimento e a força da coletividade ajudaram a moldar a experiência dela e de sua família na nova terra.