O déficit comercial dos Estados Unidos, que é a diferença entre o que o país importa e o que exporta, alcançou um número recorde de US$ 918,4 bilhões em 2024. Essa cifra é um aumento de 17% em relação ao ano anterior, embora ainda seja inferior ao recorde de US$ 944,8 bilhões registrado em 2022. Desde 1975, os EUA não registram superávit comercial, situação que persiste há 50 anos.
Esse déficit é significativo porque reflete uma dependência das importações: em 2024, o déficit apenas na troca de bens chegou a impressionantes US$ 1,2 trilhões, enquanto o superávit em serviços foi de cerca de US$ 293 bilhões. Um déficit comercial pode oferecer benefícios à economia ao permitir que um país consuma mais do que produz, mas déficits excessivos podem prejudicar empresas locais devido à competição com produtos importados mais baratos.
Além disso, a força do dólar americano torna as importações um pouco mais baratas para os consumidores dos EUA, mas isso também encarece os produtos que os EUA vendem para o resto do mundo, dificultando as exportações.
O ex-presidente Donald Trump, que está voltando ao cargo, sempre buscou reduzir esse déficit. Uma das primeiras ações de seu governo foi assinar uma ordem executiva para implementar uma “política comercial com foco na América”, visando aumentar os investimentos no país e diminuir o déficit comercial. Em suas iniciativas, Trump sugeriu aplicar tarifas, que são impostos sobre produtos importados, para reduzir a quantidade de bens que entram no país.
Recentemente, ele anunciou que pretende impor tarifas “recíprocas” a várias nações. Durante uma reunião na Casa Branca com o primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, Trump expressou o desejo de diminuir o déficit comercial dos EUA com o Japão, que em 2024 chegou a US$ 68,5 bilhões.
Além disso, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México e 10% sobre importações da China. No entanto, México e Canadá conseguiram acordos com a administração Trump para suspender temporariamente essas tarifas.
Por outro lado, a China respondeu com tarifas de 10% sobre certos produtos americanos, o que inclui petróleo bruto, maquinaria agrícola e picape s. Trump argumentou que essas tarifas são necessárias para equilibrar o comércio, mencionando como o déficit comercial afeta a segurança na fronteira e a imigração ilegal.
No ano passado, o déficit comercial dos EUA com a China foi de US$ 295 bilhões, uma queda em relação ao recorde de US$ 418 bilhões em 2018. No entanto, o déficit com o México aumentou consideravelmente, passando de US$ 78 bilhões em 2018 para cerca de US$ 172 bilhões em 2024. A situação com o Canadá mostra um déficit de US$ 63 bilhões, mas excluindo petróleo e gás, os EUA teriam um superávit de US$ 30 bilhões com o país vizinho.
Esses números refletem a complexidade do comércio internacional e os desafios que os países enfrentam para equilibrar suas contas comerciais. A estratégia de Trump em relação ao déficit comercial deve ser uma parte central de sua agenda ao retornar ao cargo.