Na noite de segunda-feira, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou sobre o aplicativo de inteligência artificial (IA) DeepSeek, uma nova startup chinesa. Durante uma reunião com membros da Câmara dos Representantes do partido republicano, Trump afirmou que a capacidade da DeepSeek de treinar suas tecnologias de IA de maneira mais barata é um desenvolvimento positivo e um alerta para a indústria de tecnologia dos EUA.
A declaração de Trump veio após o DeepSeek alcançar o primeiro lugar no ranking de downloads gratuitos da App Store da Apple. Este feito causou uma grande preocupação no mercado de tecnologia americano. O ex-presidente destacou que a redução de custos pode permitir que as empresas obtenham resultados equivalentes, e ressaltou que a entrada do DeepSeek no mercado deve servir como um sinal de alerta para as empresas dos EUA se concentrarem na concorrência.
Nos últimos anos, a China tem investido fortemente em seu setor de tecnologia, promovendo iniciativas estatais para aumentar a produção de chips e melhorar suas capacidades em inteligência artificial. O objetivo dessas iniciativas é diminuir a dependência de tecnologia dos Estados Unidos.
Enquanto isso, o governo dos EUA tem ampliado as restrições de exportação sobre tecnologias avançadas de semicondutores para a China. Isso inclui a adição de diversos tipos de chips e um aumento no número de entidades que estão sujeitas a estas restrições.
Na última terça-feira, Trump também anunciou o lançamento do Projeto Stargate, uma iniciativa de inteligência artificial em parceria com empresas como OpenAI, Oracle, SoftBank e a investidora MGX. Este projeto visa investir até 500 bilhões de dólares em infraestrutura para IA nos Estados Unidos até 2029, com a construção do primeiro centro de dados já em andamento no Texas. Em uma coletiva de imprensa, Trump classificou a iniciativa como um “grande empreendimento” e afirmou que ela criará 100 mil novos empregos.
Especialistas acreditam que a ascensão da DeepSeek desafia a ideia de que os Estados Unidos dominam a tecnologia. Alguns veem essa situação como uma oportunidade para o avanço da inteligência artificial. Chris Tang, professor da UCLA, observou que este momento pode impulsionar empresas como OpenAI ou Gemini a abrir seus códigos-fonte, incentivando mais pessoas a participarem do desenvolvimento de IA.
Apesar de ainda estar em um estágio inicial, Zongyuan Zoe Liu, especialista em estudos chineses, destacou que esse cenário serve como um lembrete para os formuladores de políticas americanas de que as restrições tecnológicas podem não ser eficazes. Gadjo Sevilla, analista de tecnologia, mencionou que há potencial para uma competição acirrada em relação à precificação e adoção de IA nos próximos meses, o que pode prejudicar as iniciativas de grandes empresas dos EUA, como Microsoft e Meta, que estão investindo pesadamente em infraestrutura de IA.
Por fim, Brian Colello, estrategista de ações, destacou que a China não irá desacelerar suas atividades e que a evolução rápida deste setor pode levar a inovações vindas de qualquer lugar do mundo, seja dos EUA ou da China.