Alimentos ultraprocessados frequentemente são vendidos com rótulos enganosos que os fazem parecer mais saudáveis do que realmente são. Apelos como "baixo em gordura" e "baixo em calorias" podem ser um sinal de que esses produtos estão repletos de aditivos prejudiciais. Por isso, ser cético em relação a essas alegações pode ajudar na hora de fazer compras e a manter uma dieta mais nutritiva.
Quando Dr. Tim Spector, médico e professor de epidemiologia, vai ao supermercado, ele chama atenção para alguns sinais que podem indicar que os produtos não são tão saudáveis. Ele co-fundou uma empresa de nutrição chamada ZOE, que oferece orientação sobre alimentação saudável. A preocupação de Spector com nutrição começou após ele sofrer um mini-AVC em 2011, aos 53 anos. Isso o motivou a investigar melhor seus hábitos alimentares e a buscar formas de viver de forma mais saudável.
Dr. Spector se dedica a ajudar as pessoas a identificarem os "halo de saúde" – estratégias de marketing que fazem os alimentos ultraprocessados parecerem nutritivos, embora possam ser prejudiciais à saúde. A seguir, ele lista quatro alertas importantes para evitar produtos que fazem alegações duvidosas e como escolher opções mais saudáveis.
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Alimentos "baixo em gordura" podem ter adição de outros ingredientes
Dr. Spector recomenda evitar produtos rotulados como "baixo em gordura", pois esse tipo de alimento, como margarina e iogurtes, pode conter muitos aditivos. A popularidade desses produtos começou nos anos 1980, quando se acreditava que a gordura saturada era prejudicial à saúde do coração. Para compensar a falta de gordura, as indústrias costumam adicionar açúcares e amidos, que não trazem benefícios à saúde. Assim, em vez de consumir gordura saudável, o consumidor acaba ingerindo mais conservantes e carboidratos refinados, o que pode aumentar o risco de doenças cardíacas e problemas metabólicos. -
Sinais de "baixo em calorias" podem enganar
Quando um produto é rotulado como baixo em calorias, isso pode indicar que ele é ultraprocessado e repleto de aditivos, segundo Spector. Nesse caso, muitas vezes, o açúcar é retirado e substituído por adoçantes artificiais, que podem ser tão prejudiciais à saúde quanto o açúcar em excesso. Spector menciona que algumas pessoas podem acabar comendo mais ao consumir alimentos doces sem calorias, pois seu corpo espera energia que não chega. Além disso, ele ressalta que contar calorias não é a melhor forma de avaliar a qualidade de um alimento. -
Vitamínicos adicionados podem ser de baixa qualidade
Muitos produtos alimentícios, como cereais e leites, afirmam ter "vitaminas adicionadas". No entanto, isso não significa que sejam boas fontes dessas vitaminas. Os alimentos ultraprocessados passam por processos que eliminam muitos nutrientes naturais. Para compensar, os fabricantes adicionam vitaminas e minerais, mas geralmente em formas que são menos eficazes para o corpo. Spector acredita que a melhor maneira de obter vitaminas e minerais é através de alimentos inteiros. - Desconfie de promessas como "fortalecimento imunológico" ou "saudável para o intestino"
Fabricantes costumam destacar pequenas quantidades de ingredientes que supostamente trazem benefícios, mas essas quantidades são tão mínimas que não fazem diferença. Essa prática é conhecida como "fairy dusting". Além disso, adições de fibras podem não ter a quantidade suficiente para trazer benefícios. Spector sugere que a melhor forma de avaliar alimentos é examinando cuidadosamente as quantidades dos ingredientes e tamanhos das porções.
Para se alimentar de forma nutritiva, Dr. Spector recomenda comer uma variedade de 30 plantas diferentes por semana, incluindo nozes, sementes, especiarias e até chocolate de qualidade. Isso ajuda a garantir que você receba os nutrientes necessários, promovendo uma dieta mais saudável e equilibrada.