Texas A&M e o Futuro da Energia Nuclear
A Texas A&M University, a maior universidade do Texas, está dando um passo importante no desenvolvimento da energia nuclear. A instituição confirmou que irá alugar um terreno para quatro startups que atuam no setor de usinas nucleares, com foco em reatores modulares pequenos, conhecidos como SMRs. Esses reatores são aproximadamente um terço do tamanho das usinas nucleares tradicionais e têm como objetivo suprir a crescente demanda de eletricidade no estado, especialmente devido ao aumento do número de data centers e ao crescimento populacional.
Os dados mostram que a demanda por energia elétrica no Texas está subindo rapidamente. A Texas A&M se uniu a empresas que desejam construir reatores comerciais no campus, o que poderia gerar energia não apenas para a universidade, mas também para a rede elétrica do estado. Até o momento, nenhum SMR comercial foi construído nos Estados Unidos, e poucos existem na Rússia e na China. Contudo, o interesse por esse tipo de tecnologia está aumentando, principalmente porque grandes empresas de tecnologia buscam formas de gerar eletricidade de baixo carbono para suas operações, que consomem grandes quantidades de energia.
Um dos responsáveis pelo projeto, Joe Labd, que é vice-chanceler de pesquisa na universidade, afirmou que a Texas A&M pode se tornar um local importante para testar novas tecnologias energéticas. A expectativa é que a demanda por energia continue a crescer, não só no Texas, mas em todo o mundo. A previsão é que a demanda de eletricidade do Texas quase duplique até 2030, com muitos dos novos consumidores sendo data centers e instalações de mineração de criptomoedas.
Além disso, o estado já passou por dificuldades em sua rede elétrica, como durante a tempestade de inverno em 2021, que deixou milhões de pessoas sem luz e aquecimento. Esse evento trágico, que resultou em centenas de mortes, revelou a vulnerabilidade do sistema e acelerou os esforços para torná-lo mais robusto. O governador do Texas, Greg Abbott, traçou um plano estratégico que inclui a criação de um novo escritório estadual e um fundo de energia voltado para projetos nucleares avançados.
Os reatores modulares pequenos são considerados uma solução eficaz para gerar energia em larga escala sem emitir gases de efeito estufa, em comparação com usinas a gás. Eles podem ser construídos de forma mais rápida e econômica do que as usinas nucleares convencionais, que frequentemente enfrentam atrasos e custos elevados. Por exemplo, a construção da usina nuclear mais recente dos EUA levou sete anos a mais e teve um custo 17 bilhões de dólares superior ao orçamento inicial.
No entanto, alguns especialistas e grupos ambientalistas expressam preocupação sobre os riscos associados a essa nova tecnologia. Existe medo de que os SMRs acabem enfrentando os mesmos problemas de custo e tempo que as usinas maiores. Recentemente, a startup Nuscale desistiu do que seria o primeiro projeto comercial de SMR nos EUA, após enfrentar resistência de empresas de energia devido aos altos custos. Além disso, a questão do descarte de resíduos radioativos gerados pela energia nuclear também continua sendo motivo de debate.
Com relação aos planos da Texas A&M, a universidade se uniu a startups como Kairos Power, Natura Resources, Terrestrial Energy e Aalo Atomics. Para financiar esses esforços, a Texas A&M está buscando 200 milhões de dólares do governo estadual. O terreno disponível na universidade pode comportar vários SMRs, gerando mais de um gigawatt de potência, o que seria capaz de atender a cerca de 200.000 residências.
Além disso, empresas como a Kairos Power estão formando parcerias com gigantes da tecnologia, como o Google, para garantir o fornecimento de energia. As expectativas são altas, mas a construção de reatores comerciais ainda é um processo que requer aprovação regulatória e o cumprimento de diversos requisitos de segurança. Algumas das startups já obtiveram licenças para projetos de demonstração, mas ainda precisam se aventurar na construção de usinas em larga escala.
O futuro da energia nuclear no Texas e nos Estados Unidos está em desenvolvimento, e as iniciativas da Texas A&M podem representar um avanço significativo nesse setor.