James Cameron, diretor e premiado com o Oscar, está apostando na inteligência artificial (IA) como uma ferramenta que pode ajudar a reduzir os custos em Hollywood. Durante uma conversa com Andrew Bosworth, da Meta, no podcast “Boz to the Future”, Cameron compartilhou sua visão sobre como a IA pode transformar a indústria do cinema.
Nos últimos tempos, a utilização da IA na produção de filmes gerou muita discussão e até levou a greves, como a que ocorreu em 2023 envolvendo os sindicatos dos atores e roteiristas. Apesar de ter sido crítico em relação a essa tecnologia no passado, Cameron mudou de postura e agora faz parte da diretoria da Stability AI, a empresa responsável pelo modelo de IA que transforma texto em imagens, conhecido como Stable Diffusion. Ele explicou que sua decisão de se envolver com essa companhia foi motivada pelo desejo de entender melhor como a tecnologia funciona.
Cameron revelou que seu objetivo não era simplesmente lucrar, mas compreender a área. “Eu queria saber o que os desenvolvedores estão pensando, quais são suas metas e como eles trabalham”, afirmou. Ele acredita que essa compreensão pode ajudar a integrar a IA nos efeitos visuais dos filmes, especialmente aqueles que exigem muitos efeitos especiais.
Atualmente, os orçamentos de Hollywood estão encolhendo. Isso se deve a diversos fatores, como a diminuição da quantidade de produções encomendadas pelas estúdios e um mercado de bilheteiras mais lento. Cameron enfatizou que o desafio não é cortar a equipe, mas sim aumentar a produtividade. “É sobre fazer o trabalho mais rapidamente, para que os artistas possam passar para novos projetos”, disse.
Cameron também abordou uma preocupação comum entre artistas, que é o uso de trabalhos alheios para treinar modelos de IA. Ele comentou que esse é um problema que vai além do cinema e afeta todos os tipos de artistas. Recentemente, algumas figuras proeminentes, como a comediante Sarah Silverman e o autor Ta-Nehisi Coates, processaram empresas de tecnologia por suposta violação de direitos autorais ao utilizar suas obras para treinar IA.
Para Cameron, a dificuldade não está apenas nos aspectos técnicos, mas também nas questões sobre a origem do material usado para treinar as IAs e as proteções de direitos autorais. “As pessoas estão vendo isso de forma equivocada. Como artista, minha experiência é única e não pode ser controlada”, afirmou. Ele reforçou que todo artista tem seu próprio conjunto de influências, que molda sua criatividade e trabalho.
Ao final, a conversa com Cameron deixou claro que ele vê a IA não apenas como uma ferramenta, mas como um meio de inovar e melhorar a indústria cinematográfica, ao mesmo tempo em que reconhece as preocupações com os direitos dos criadores.