Uma startup de inteligência artificial na China, chamada DeepSeek, lançou um novo modelo de IA que pode ser um forte concorrente dos laboratórios de IA mais avançados dos Estados Unidos, como o OpenAI. No último dia 20 de janeiro, a empresa apresentou seu modelo chamado R1, que possui habilidades de raciocínio impressionantes e que surpreendeu especialistas da área nos EUA.
O DeepSeek atua como uma startup focada em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de IA e foi criada a partir de um fundo de investimento que já existia há uma década. A nova atualização foi divulgada no mesmo dia em que Donald Trump assumiu a presidência, chamando a atenção para a capacidade da China de competir no cenário tecnológico global.
O modelo R1 se destaca por ter desempenho comparável ao do OpenAI o1 em áreas como matemática, programação e tarefas que envolvem raciocínio. Essa precisão é resultado de um método de aprendizado conhecido como “aprendizado por reforço puro”. Esse tipo de técnica foi utilizado anteriormente na criação do AlphaZero, um programa que se tornou um mestre em jogos como xadrez e Go, sendo capaz de aprender sem imitar jogadas de jogadores humanos.
Um dos objetivos do DeepSeek com o R1 é explorar as capacidades de raciocínio da IA sem a necessidade de dados supervisionados, uma prática comum na pesquisa em IA. Antes de chegar ao R1, a equipe teve um insight valioso com um modelo anterior, o R1-Zero, que mostrou que a IA podia aprender a dedicar mais tempo para pensar sobre um problema antes de dar uma resposta.
Os resultados obtidos pelo R1 são descritos como semelhantes às reflexões de um humano, segundo um professor da Universidade da Pensilvânia. Além disso, a transparência no desenvolvimento desse modelo foi considerada um avanço em relação à falta de detalhes divulgados por outras empresas como o OpenAI.
Um aspecto importante do R1 é que ele é um modelo totalmente de código aberto, registrado sob uma licença do tipo MIT, o que significa que qualquer pessoa pode acessar e usar a tecnologia. Isso representa um desafio para as empresas americanas que têm focado em vender suas tecnologias a altos custos. Por exemplo, o OpenAI lançou um plano pago para acesso ao seu modelo o1, que custa US$ 200 por mês. Com um modelo avançado e gratuito como o R1, a procura por assinaturas pagas pode diminuir.
O DeepSeek já havia demonstrado suas habilidades de raciocínio anteriormente com uma versão de pré-lançamento do R1 e um modelo maior que serve como base para novas aplicações. Pesquisadores americanos notam que o recente modelo R1 representa um avanço significativo no campo da inteligência artificial.
Alguns profissionais de tecnologia têm elogiado o desempenho do R1, destacando que ele pode operar de forma eficaz em hardware comum, o que democratiza o acesso à tecnologia. Um especialista da Apple ressaltou que o R1 pode ser utilizado em aparelhos mais simples, podendo ser “destilado” para criar versões menores e ainda poderosas.
No entanto, o modelo R1 também enfrenta críticas. Um antigo membro do conselho do OpenAI apontou que houve relatos de que o R1 se censurou quando abordado sobre temas indesejáveis pelo governo chinês, embora essa censura pareça ser controlada por uma camada adicional de software em vez de estar integrada ao modelo em si.
O OpenAI está desenvolvendo um novo modelo chamado o3, que é esperado para ser mais avançado que o o1, mas que ainda não está amplamente disponível. A evolução do DeepSeek no desenvolvimento de suas tecnologias de IA pode indicar que eles estão rapidamente alcançando ou até superando modelos americanos. Com isso, a competição na área de inteligência artificial entre os Estados Unidos e a China pode se tornará ainda mais acirrada no futuro.