Nos últimos anos, o conceito de “código aberto” vem ganhando força em empresas do setor financeiro, especialmente em Wall Street. O “código aberto” refere-se a um tipo de software que pode ser acessado, modificado e compartilhado por qualquer pessoa, o que contrasta com o software proprietário, que é mantido sob controle de uma única empresa. Tradicionalmente, os gigantes financeiros rejeitavam essa ideia devido à cultura competitiva da indústria, mas essa postura está mudando.
Um exemplo dessa transformação é a visão de Dov Katz, diretor do Morgan Stanley, que destaca a importância de utilizar tecnologias de código aberto para criar soluções mais eficientes e colaborativas. Ele acredita que, se uma nova ferramenta não traz vantagem competitiva, a empresa deve considerar se já existe uma solução aberta disponível e se vale a pena aprimorá-la e contribuir com melhorias. Essa nova abordagem favorece a geração coletiva de soluções em vez de desenvolver tudo do zero.
O movimento em direção ao código aberto tem se intensificado nas instituições financeiras. Em 2024, profissionais do setor contribuíram com mais de 750 mil alterações em projetos de código aberto na plataforma GitHub, um aumento significativo em relação a anos anteriores. Grandes bancos como JPMorgan e BlackRock também começaram a compartilhar suas próprias plataformas de código aberto, demonstrando um comprometimento crescente com esse modelo.
O aumento do investimento em tecnologia no setor bancário, que alcançou cerca de 650 bilhões de dólares em 2023, tem levado as instituições a buscarem eficiência e valor em suas iniciativas. Com as pressões dos acionistas e o foco em tecnologias como inteligência artificial, muitas empresas estão percebendo que o uso de código aberto pode reduzir custos de desenvolvimento e permitir uma maior agilidade nos processos.
Além disso, a transição para a nuvem, que começou a se intensificar em 2019 e 2020, também foi um fator que expôs as empresas financeiras ao código aberto. Ao buscarem soluções mais rápidas e eficientes, as organizações começaram a explorar tecnologias como Kubernetes e Docker, fundamentais para o desenvolvimento de software na nuvem. Isso não só facilitou a colaboração entre diferentes empresas, mas também acelerou o lançamento de novos produtos e serviços.
No entanto, a adoção do código aberto traz desafios. Uma das principais preocupações é a segurança, especialmente em relação à possibilidade de inserção de códigos maliciosos. As empresas financeiras precisam ter cuidado com as licenças associadas ao uso de software de código aberto para garantir que estejam em conformidade e protegidas contra riscos cibernéticos.
Por fim, esse movimento em direção ao código aberto também está se expandindo para a área da inteligência artificial. Com a crescente competição entre empresas que desenvolvem soluções de IA, iniciativas colaborativas entre grandes instituições financeiras estão emergindo para enfrentar desafios comuns, como evitar preconceitos nos modelos de IA e implementar novas tecnologias. A abordagem colaborativa é vista como uma maneira eficaz de lidar com esses problemas que afetam toda a indústria, em vez de apenas uma única empresa.