DeepSeek, uma empresa chinesa de inteligência artificial que oferece modelos de código aberto, está gerando bastante discussão no setor de tecnologia. Os modelos da DeepSeek competem com os da OpenAI, mas com um custo muito menor, o que tem chamado a atenção de executivos e investidores, especialmente em Silicon Valley.
Na última segunda-feira, as ações de empresas de tecnologia, como a Nvidia, sofreram uma queda significativa. Esse movimento do mercado está relacionado ao surgimento dos modelos da DeepSeek, que desafiam as premissas de custos e eficiência que dominaram a indústria. A empresa afirma que treinou seus modelos com um investimento bem menor do que o de seus concorrentes.
Por exemplo, o CEO da Perplexity AI, Aravind Srinivas, expressou sua surpresa ao ver que os modelos da DeepSeek são mais baratos e melhores do que algumas das últimas ofertas da OpenAI. O que isso significa para o futuro da inteligência artificial? Vários especialistas e executivos discutem que as ferramentas de IA estão se tornando mais acessíveis, o que pode incentivar muitas empresas a experimentar e implementar essas tecnologias em seus negócios.
A DeepSeek foi vista como uma quebra da ideia de que é necessário um grande capital para desenvolver modelos avançados. Seus modelos são 20 a 40 vezes mais baratos que os da OpenAI, o que pode mudar a forma como muitas empresas abordam a adoção de IA. Além disso, essa nova realidade pode afetar as gigantes da tecnologia, como Microsoft e Google, que precisarão justificar seus preços mais altos.
Diversas plataformas que oferecem modelos de inteligência artificial para empresas, como Groq e Liquid.AI, começaram a adicionar os modelos da DeepSeek em seus serviços. Um exemplo divertido que ilustra essa tendência foi um meme compartilhado entre os desenvolvedores da Amazon, onde um usuário dizia que estava trocando o modelo Claude da Anthropic pelo modelo da DeepSeek, gerando reações positivas entre seus colegas.
Entretanto, apesar do interesse crescente pela DeepSeek, o fato de a empresa ser de propriedade de um fundo de hedge chinês levanta preocupações, especialmente no que diz respeito à segurança e privacidade dos dados, especialmente em indústrias regulamentadas. Isso pode fazer com que algumas empresas hesitem em adotar modelos de origem chinesa.
Além disso, empresas que oferecem serviços de infraestrutura em nuvem, como Oracle e Microsoft, podem enfrentar desafios com o aumento da eficiência dos modelos da DeepSeek. Se menos recursos computacionais forem necessários para realizar o mesmo trabalho, as empresas que vendem apenas essa infraestrutura poderão sofrer com a pressão para reduzir preços.
Outro ponto importante é a mudança na abordagem da IA, que agora pode se concentrar mais na inferência, a parte que aplica os modelos, em vez do treinamento, que é o processo de criação dos mesmos. Esse destaque para a inferência tem sido uma tendência crescente, e os avanços da DeepSeek podem acelerar essa transição.
Além disso, a facilidade com que os modelos da DeepSeek podem ser adaptados e melhorados pode revolucionar o mercado, tornando mais simples transformar modelos básicos em modelos de “raciocínio” mais poderosos. Isso muda a forma como os desenvolvedores podem interagir com as IAs, já que agora eles têm acesso transparente aos “passos de raciocínio” que esses modelos realizam, coisa que alguns concorrentes não disponibilizavam.
Por fim, fica claro que, mesmo com as inovações e mudanças promovidas pela DeepSeek, o papel dos programadores humanos ainda é essencial no desenvolvimento de soluções de inteligência artificial. As habilidades e o talento humano continuam a ser um componente crítico no avanço da tecnologia. A competição no setor está ficando mais acirrada e as empresas de tecnologia precisarão se adaptar rapidamente a essa nova realidade.