A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) está enfrentando mudanças significativas em sua estrutura. Com a decisão do governo, a previsão é reduzir o número de funcionários de mais de 10 mil para apenas 290. Essa medida está gerando uma reação negativa, e até mesmo ações judiciais, por parte de trabalhadores federais que buscam impedir essa descontinuação. O anúncio oficial foi feito em uma coletiva de imprensa, onde representantes da Associação Americana de Serviço Exterior criticaram a medida e destacaram que os demais funcionários ficarão em licença administrativa enquanto a situação não se resolve.
Um funcionário da USAID, que preferiu não se identificar, comentou que apenas doze pessoas podem ficar responsáveis por toda a região da África Subsaariana. Uma das consequências dessa redução é a interrupção dos contratos que a agência administra em diversos países. A partir da meia-noite de sexta-feira, quase todo o pessoal da USAID será colocado em licença, com algumas exceções para casos específicos.
O Secretário de Estado, Marco Rubio, afirmou que o governo está fazendo isso como uma tentativa de obter a cooperação desejada da USAID. Esta decisão foi reforçada após críticas de figuras como Donald Trump e Elon Musk, que acusaram a agência de ser ineficiente e de apoiar causas consideradas liberais. Musk chegou a se referir à USAID como uma “organização criminosa” em suas redes sociais.
A união que representa cerca de 800 mil funcionários federais, a Federação Americana de Empregados do Governo, entrou com um processo contra Trump, Rubio e outros membros da administração, argumentando que a ação é uma violação constitucional. Os advogados dos trabalhadores alegam que o fechamento da USAID é uma crise moral e legal. Até o momento, a Casa Branca não se manifestou sobre o assunto.
A USAID tem desempenhado um papel crucial em 65 países ao redor do mundo, oferecendo assistência em áreas como saúde, nutrição, tratamento de HIV, e ajuda humanitária para pessoas em zonas de conflito. Em 2024, a agência gastou aproximadamente 32,5 bilhões de dólares, com a maior parte do dinheiro destinado a países como Ucrânia, Jordânia e Etiópia. Aproximadamente metade dos recursos foi direcionada a programas de ajuda humanitária e saúde, enquanto cerca de 7 bilhões foram utilizados para governança.
Embora o gasto exterior represente menos de 1% do orçamento federal dos EUA, o país é um dos maiores doadores de ajuda humanitária do mundo. Muitos críticos, incluindo líderes do Partido Democrata e analistas jurídicos, argumentam que a desativação da USAID é ilegal, já que uma agência independente só pode ser fechada por meio de uma lei aprovada pelo Congresso.
Vale lembrar que, logo após a posse de Trump, seu governo congelou bilhões em ajuda humanitária destinada a áreas como saúde, educação e combate à corrupção. Recentemente, Trump também fez comentários sugerindo que poderia fechar outras agências governamentais, como a Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA) e o Escritório de Justiça Ambiental da Agência de Proteção Ambiental.