A empresa Meta, liderada por Mark Zuckerberg, está implementando uma abordagem de gestão chamada “discordar e se comprometer”, que foi popularizada por Jeff Bezos, o fundador da Amazon. Essa metodologia busca acelerar o processo de decisão dentro da companhia e foi recentemente posta em prática por Andrew Bosworth, que ocupa o cargo de diretor de tecnologia na Meta. Ele usou essa estratégia para responder a críticas internas sobre novas políticas da empresa.
Recentemente, alguns funcionários da Meta expressaram descontentamento em fóruns internos sobre mudanças nas diretrizes da empresa. Um dos comentários mais destacados veio de um membro do grupo “Let’s Fix Meta”, que conta com quase 12 mil participantes. Esse colaborador criticou a alta administração por fazer alterações que, segundo ele, prejudicam a comunidade LGBTQIA+. Ele também apontou a eliminação de programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) e a escolha de discutir tais mudanças em um podcast considerado de extrema direita, ao invés de se comunicar diretamente com os funcionários. O comentário terminou com uma pergunta provocativa: “há surpresa?”.
Em resposta às críticas, Bosworth declarou que, se um funcionário espera que todos aceitem todas as políticas sem questionamento, talvez seja melhor considerar mudar de emprego. Ele também compartilhou um artigo onde Zuckerberg afirmava que esperava que suas opiniões fossem vazadas para a mídia, destacando uma cultura conectada à transparência e à expectativa de que discussões sobre políticas resultem em desdobramentos no público.
A filosofia “discordar e se comprometer” foi explicada por Bezos em uma carta aos acionistas da Amazon em 2016. Ele defendia que, mesmo que não haja um consenso, decisões podem ser tomadas rapidamente ao pedir que outros se comprometam a apoiar a decisão depois de terem expressado sua discordância. Para Bezos, essa abordagem é útil em contextos onde a certeza sobre o resultado final não é garantida, mas ainda assim é necessário avançar.
No entanto, na prática, na Meta, essa filosofia pode ser aplicada de forma mais rígida. Bosworth deixou claro que aqueles que não concordam com as políticas da empresa devem “discordar e se comprometer” ou considerar sair, o que levanta preocupações sobre a liberdade de expressão e a diversidade de opiniões no ambiente de trabalho.
Esse movimento acontece em um momento em que muitas empresas de tecnologia no Vale do Silício estão passando por transformações culturais e estruturais. A Meta, por exemplo, tem reduzido seus programas de DEI, o que é visto como uma resposta a mudanças políticas e culturais mais amplas, especialmente com a iminência do retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Outras empresas, como a Amazon e o Google, também têm revisado ou reduzido seus esforços em diversidade, o que indica uma tendência mais ampla no setor.
Especialistas acreditam que, se aplicada com cuidado, a abordagem pode ser benéfica, permitindo que os líderes confiem nas avaliações de quem está diretamente envolvido nos problemas. Porém, há quem critique o uso rígido dessa estratégia, argumentando que isso pode silenciar vozes internas e diminuir a diversidade de pensamento, aspectos que são fundamentais para a inovação.
Com isso, permanece a dúvida sobre se essa filosofia será um estímulo para a inovação nas empresas de tecnologia ou se ela promoverá um ambiente de conformismo entre os colaboradores.