As indústrias de defesa podem ser fundamentais para a recuperação econômica da Ucrânia após a guerra, de acordo com Dmytro Kuleba, ex-ministro das Relações Exteriores do país. Durante uma entrevista, Kuleba expressou sua visão sobre como estas indústrias poderiam impulsionar o renascimento da economia ucraniana.
Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, a economia da Ucrânia tem enfrentado sérios desafios. Em 2022, o PIB do país caiu drasticamente em 28,8%, embora tenha mostrado sinais de recuperação em 2023, com um crescimento de 5,3%. Para 2024, as estimativas indicam que o crescimento do PIB pode ficar entre 3,4% e 3,6%, muito devido aos investimentos em defesa.
Kuleba observou que a economia da Ucrânia está passando por uma reestruturação significativa. Ele destacou que o setor privado pode tirar proveito das tecnologias de defesa, como drones pilotados por inteligência artificial e veículos autônomos usados no combate. Segundo ele, essas mesmas inovações poderiam ser aplicadas à análise econômica, otimização da movimentação de bens e serviços, tornando o setor mais eficiente e centrado no consumidor.
Além de Kuleba, outros ex-oficiais também acreditam no grande potencial das indústrias de defesa da Ucrânia. Oleksandr Kamyshin, antigo ministro das Indústrias Estratégicas, afirmou que a Ucrânia poderia se tornar o “arsenal do mundo livre”. Analistas econômicos militares preveem que, após o fim do conflito, a Ucrânia poderá se tornar uma potência europeia na área de defesa. Este cenário se baseia na capacidade do país de produzir equipamentos militares de forma competitiva em custo, especialmente em áreas como software, robótica e veículos.
Um estudo de 2023 indicou que startups de defesa na Ucrânia levantaram cerca de 5 milhões de dólares, e esperam aumentar esse valor para 50 milhões em 2024, evidenciando um crescimento rápido do setor. A emergência de inovações e startups na área é um sinal positivo para o futuro econômico do país.
No entanto, a recuperação econômica não será fácil. Especialistas alertam que a Ucrânia enfrentará muitas dificuldades para atrair investimentos estrangeiros devido a problemas como um sistema judiciário fraco e a falta de legislação que proteja os direitos de propriedade intelectual. A falta de confiança no governo e na legislação também são citadas como razões para a hesitação dos investidores.
Desde o início do conflito, várias empresas de defesa ocidentais, como a fabricante de armas Rheinmetall da Alemanha e o contratante AeroVironment dos EUA, abriram operações na Ucrânia. Entretanto, há também a necessidade de que as indústrias de defesa atendam às demandas internas do país, limitando assim suas oportunidades de exportação.
Para que haja um aumento significativo nos investimentos, a Ucrânia precisará de garantias de segurança contra futuras ameaças. Kuleba ressaltou que, mesmo que o caminho à frente seja incerto, é crucial começar a construir um futuro sustentável agora. Ele reafirmou que a Ucrânia está aberta a qualquer ideia que ajude a estimular o crescimento econômico e a estabelecer uma economia robusta.