O filme “Emilia Pérez”, da Netflix, tem sido um dos grandes destaques da temporada de premiações, recebendo 13 indicações ao Oscar e conquistando quatro prêmios nos Golden Globes. Embora tenha atraído a atenção das organizações que concedem prêmios, a produção tem enfrentado críticas de diversos fãs de cinema.
“Emilia Pérez” é uma comédia musical que aborda a história de uma chefe de cartel mexicana que finge a própria morte para fazer a transição de gênero. O elenco conta com estrelas como Zoe Saldaña, Selena Gomez e Karla Sofía Gascón. O filme foi adquirido pela Netflix por aproximadamente 12 milhões de dólares após sua estreia no Festival de Cannes de 2024. Embora não tenha se destacado popularmente na plataforma, seu sucesso nas premiações tem sido um impulso positivo para a imagem da Netflix.
No entanto, muitos críticos e fãs questionam as razões para tamanha aclamação, argumentando que outros filmes da temporada são mais merecedores dos prêmios. Há também descontentamento em relação a postagens antigas da atriz Gascón nas redes sociais, que despertaram controvérsias.
As avaliações no Rotten Tomatoes mostram um contraste claro: enquanto o filme recebeu uma pontuação de 76% de críticos, a audiência deu apenas 34%. Isso sugere um descompasso entre a crítica especializada e o público em geral.
Um dos momentos mais criticados do filme aconteceu em uma cena em que um médico canta sobre cirurgias de reafirmação de gênero, o que foi motivo de piadas nas redes sociais. Após o sucesso nos Golden Globes, essa cena voltou a ser compartilhada e criticada, especialmente porque “Emilia Pérez” venceu prêmios em categorias disputadas por outros filmes populares, como “Wicked” e “Challengers”.
A atuação de Selena Gomez também gerou controvérsia, com o ator mexicano Eugenio Derbez, conhecido por seu trabalho em “Coda”, descrevendo sua performance como “indefensável”. Após um pedido de desculpas da atriz, Derbez se retratou, mas o incidente continua a ser debatido.
O filme tem sido criticado pela forma como retrata a identidade trans. Apesar de celebrar a diversidade, alguns veem a narrativa como problemáticas, alegando que ela perpetua estereótipos negativos. A GLAAD, uma organização de defesa dos direitos LGBTQ+, chegou a chamar “Emilia Pérez” de “um retrocesso para a representação trans”.
Karla Sofía Gascón, a protagonista, comentou sobre as críticas afirmando que as reações negativas são exaustivas e que o filme, independente de polêmicas, toca em assuntos importantes. Ela enfatizou que o experiência trans não é homogênea, e que críticas não precisam ser a única forma de se fazer ouvir.
Outro foco de crítica está relacionado à representação do México no filme. Os críticos, incluindo o cinegrafista Rodrigo Prieto, expressaram insatisfação com o fato de que a produção foi feita na França e não em solo mexicano. Eles argumentam que isso compromete a autenticidade das representações culturais e dos personagens, alertando que a falta de uma equipe integralmente mexicana afeta a qualidade narrativa.
Apesar de “Emilia Pérez” ter sido excluído das indicações ao prêmio GLAAD, foi reconhecido com várias indicações ao Oscar, empatando em quantidade com clássicos como “O Senhor dos Anéis” e “Forrest Gump”. Muitos fãs acreditam que outros filmes da temporada mereciam mais atenção e reconhecimento.
Recentemente, uma cineasta trans mexicana fez uma paródia de “Emilia Pérez” que rapidamente se tornou popular, evidenciando o debate em torno do filme. A produção, que critica a obra original, foi filmada no México e utiliza estereótipos franceses.
O filme continua a gerar discussões acaloradas entre críticos, fãs e defensores da diversidade e inclusão. Karla Sofía Gascón, em suas declarações, apontou para o ódio e discurso de violência que ela enfrenta nas redes sociais, enquanto vários colegas a apoiam em sua busca por reconhecimento e respeito dentro da indústria cinematográfica.