Soldados ucranianos têm recebido armamentos ocidentais que melhoram suas antigas armas de origem soviética. Um dos principais upgrades foi a substituição dos rifles Kalashnikov por carabinas M4, fabricadas nos Estados Unidos. Esses novos equipamentos trouxeram desafios, principalmente no início, mas acabaram se mostrando eficazes em combate.
Um soldado que atende pelo nome de Harley, integrante do 4º Regimento de Rangers da Ucrânia, explica que as Forças de Operações Especiais (SOF) começaram a guerra, em fevereiro de 2022, utilizando rifles Kalashnikov. Após algumas semanas, eles passaram a receber os M4A1, o que exigiu mudança nos métodos de treinamento e nas operações militares.
Harley já tinha familiaridade com o M4, o que facilitou sua adaptação. No entanto, para a maioria dos seus colegas, a transição foi complicada. Os ucranianos estavam acostumados ao Kalashnikov e precisaram superar barreiras psicológicas e velhos hábitos. “Quando uma arma mostra resultados, você muda rapidamente de opinião sobre ela”, afirma Harley.
A carabina M4, desenvolvida nos anos 1980 pela Colt, é uma versão mais curta do rifle M16, utilizado pelas forças armadas dos Estados Unidos e de vários outros países. Ela dispara munição 5.56×45 mm NATO, diferente da munição 7.62×39 mm usada nos Kalashnikovs. Embora a Ucrânia tenha ampla experiência com rifles soviéticos, essa troca de equipamento trouxe suas dificuldades.
Um dos principais problemas durante essa transição foi a escassez de munição para os M4, com cada soldado recebendo apenas cerca de 100 balas por dia para treinamento no início da guerra. Em contraste, os soldados tinham acesso a grande quantidade de munição Kalashnikov. Um atirador americano observou que prefere a munição soviética, que é mais fácil de obter, já que é abundante na Ucrânia e pode ser capturada no campo de batalha.
Harley ressaltou a importância do treinamento, afirmando que a escassez de munição dificultou a preparação inicial. “Nos momentos de combate, não havia limitação de munição, mas durante o treinamento, não tínhamos o suficiente para nos preparar adequadamente”, explicou. Com o tempo, porém, os soldados ucranianos começaram a usar o M4 em missões e se sentiram mais confortáveis com a arma.
Com o avanço da guerra, a situação melhorou. Harley mencionou que a disponibilidade de munição aumentou, permitindo que eles treinassem adequadamente e melhorassem sua proficiência com o novo armamento.
Essa mudança do Kalashnikov para o M4 é um exemplo de como as tropas ucranianas estão substituindo equipamentos soviéticos por armas ocidentais, um processo que inclui a utilização de veículos de combate Bradleys, caças F-16 em lugar de antigos MiGs, e tanques Abrams em vez de T-72.
Mais adiante na guerra, os operadores especiais ucranianos também começaram a usar o rifle DDM4, que combina características de um fuzil de assalto e de um rifle sniper, aumentando a flexibilidade nas missões.
Desde o início da invasão russa, aliados ocidentais têm fornecido armas à Ucrânia para reforçar suas capacidades defensivas, incluindo tanques, veículos blindados, artilharia, sistemas de defesa aérea e mísseis de longo alcance. Entretanto, esse processo enfrentou desafios, como indecisão e atrasos, que em alguns casos impediram a Ucrânia de aproveitar janelas críticas de oportunidade. Essas dificuldades persistem, mesmo quando o país está atualmente em negociações para uma possível solução para o conflito.