Ao longo de mais de dois mil anos de história da Igreja Católica, o papado enfrentou intrigas políticas, conflitos religiosos e conspirações que mudaram o curso do cristianismo. Desde a eleição do Papa Francisco como o 266º papa, até hoje, mais de 260 líderes já ocuparam o trono de São Pedro. Dentre eles, nove papas tiveram mortes trágicas, reflexo das tensões e disputas de suas épocas.
O primeiro papa a ter um fim violento foi São Pedro, considerado o fundador da Igreja e o primeiro bispo de Roma. Segundo a tradição, ele foi crucificado de cabeça para baixo durante a perseguição aos cristãos instaurada pelo imperador Nero, por volta do ano 64 d.C. Embora seu martírio não tenha sido um assassinato no sentido tradicional, este episódio marcou o início de uma série de mortes violentas entre os líderes da Igreja.
Durante os períodos da Antiguidade e Idade Média, o papado tornou-se um cargo muito perigoso devido às constantes disputas pelo poder. Um exemplo é o Papa João VIII, que governou de 872 a 882 e acredita-se que tenha sido envenenado. Como o veneno não agiu rapidamente, ele foi agredido com um martelo pelos responsáveis por sua morte, que estavam insatisfeitos com sua liderança e alianças.
O Papa Estêvão VI, que esteve no cargo de 896 a 897, também enfrentou uma situação tensa. Seu sucessor, o Papa Sérgio III, é suspeito de ter ordenado seu assassinato após um ocorrido notório conhecido como o “sínodo cadavérico”. Nesse evento, o corpo de um papa anterior foi julgado postumamente, em meio a um cenário de rivalidade entre famílias aristocráticas romanas.
No século X, um período chamado de “Século de Ferro” da Igreja, a violência nas esferas do Vaticano era frequente. O Papa Leão V foi deposto e assassinado em circunstâncias misteriosas. Seu sucessor, o antipapa Cristóvão, também foi morto pouco depois, possivelmente envenenado. O Papa João X, que governou de 914 a 928, tentou restabelecer a ordem em Roma, mas acabou preso e sufocado, em um ato orquestrado pela poderosa família Teofilato, que temia que ele pudesse ameaçar seu controle sobre a Igreja.
Anos depois, Bento VI, que foi papa de 973 a 974, foi estrangulado durante uma rebelião liderada por um membro da elite romana. Já João XIV, que esteve no poder de 983 a 984, morreu sob mistério enquanto estava preso: as causas variam entre fome, veneno ou agressão física.
O último papa considerado assassinado foi João Paulo I, em 1978. Ele faleceu apenas 33 dias após sua eleição, oficialmente devido a um infarto. Porém, a falta de uma autópsia e a natureza repentina de sua morte alimentaram especulações de que ele poderia ter sido envenenado, especialmente por ter sinalizado a intenção de reformar aspectos polêmicos da administração do Vaticano. Mesmo sem provas concretas, essa dúvida permanece uma das discussões mais intrigantes sobre a história recente da Igreja.
Essas mortes violentas ao longo dos séculos mostram que o papado é, além de um papel espiritual, profundamente ligado ao poder político e aos riscos que ele traz. As histórias dos nove papas assassinados revelam um passado cheio de perigos, contrastando com a imagem de estabilidade e diplomacia que o Vaticano apresenta atualmente.