O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou, no dia 6 de outubro, que o país irá cancelar o acordo de cooperação da Nova Rota da Seda com a China. Essa decisão vem em resposta a pressões dos Estados Unidos para diminuir a influência chinesa na região, especialmente no Canal do Panamá, que é uma via de navegação de grande importância econômica e estratégica.
O embaixador do Panamá na China apresentou formalmente o cancelamento do acordo, seguindo o procedimento que exige uma notificação prévia de 90 dias. Esse prazo é uma exigência do próprio acordo, que foi assinado em 2017 pelo ex-presidente Juan Carlos Varela. O contrato inclui uma cláusula de renovação automática a cada três anos, mas qualquer uma das partes pode encerrá-lo com antecedência, desde que faça a notificação pertinente.
A decisão foi comunicada poucos dias antes da visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao Panamá. Rubio esteve no país com a missão de reforçar os laços entre os EUA e o Panamá e contrabalançar a presença da China na região. O presidente Mulino, ao anunciar o cancelamento, afirmou que essa foi uma decisão que ele tomou após considerações sobre o impacto do acordo para o Panamá nos últimos anos. Ele questionou os benefícios que o acordo trouxe para o país e se perguntou sobre quem realmente incentivou a assinatura do contrato com a China.
Após o anúncio, Marco Rubio elogiou a decisão, dizendo que é um “grande passo” para reforçar as relações entre o Panamá e os Estados Unidos. Os EUA veem a Nova Rota da Seda como uma iniciativa que visa expandir a influência da China globalmente, o que acreditam ser uma ameaça à sua segurança.
A Nova Rota da Seda, proposta pelo presidente chinês Xi Jinping em 2013, tem como objetivo financiar projetos de infraestrutura em vários lugares do mundo, incluindo a Ásia, África e América Latina. Mais de cem países estavam envolvidos nessa iniciativa, que busca criar uma rede de comércio e desenvolvimento.
Em resposta ao cancelamento do acordo, a China expressou sua decepção com a decisão do Panamá, ressaltando que a cooperação entre os dois países estava ocorrendo de maneira produtiva até agora. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Lin Jian, pediu que o Panamá resistisse a “interferências externas” e mantenha sua política de cooperação com a China.
Além disso, em meio a essa situação, o governo dos Estados Unidos declarou que seus navios teriam passagem livre pelo Canal do Panamá. No entanto, a Autoridade do Canal do Panamá negou essa informação, afirmando que não houve mudanças nas tarifas para navegação no canal.
Esses fatos refletem uma movimentação política e econômica importante na América Latina, onde as relações com potências globais, como os Estados Unidos e a China, são frequentemente tensas e influenciam a rotina das nações da região.