Nesta semana, a revista Oeste revisita algumas das reportagens mais impactantes do início de 2025. Uma dessas reportagens, publicada em 6 de janeiro, traz uma informação curiosa e alarmante sobre a Coreia do Norte: o ditador Kim Jong-un decidiu proibir cachorros-quentes no país, afirmando que esse alimento é “ocidental demais”.
De acordo com o regime, vender ou preparar cachorros-quentes é considerado um “ato de traição” às tradições norte-coreanas. As consequências para quem desrespeitar essa nova regra podem ser severas. Aqueles que forem pegos vendendo ou preparando esses pratos podem ser enviados para campos de trabalho forçado. Em contraste, o consumo de carne de cachorro continua sendo aceito no país.
Essa proibição faz parte da luta do governo norte-coreano contra a influência da cultura ocidental, que eles veem como uma ameaça. Em 2017, um prato sul-coreano, o budae-jjigae – uma sopa picante que leva macarrão e salsichas – começou a ser servido em algumas partes da Coreia do Norte. No entanto, um vendedor da Província de Ryanggang afirmou que, recentemente, as vendas desse prato cessaram. Ele explicou que a polícia e os administradores dos mercados avisaram que qualquer um flagrado vendendo budae-jjigae seria punido com o fechamento do estabelecimento.
Além das restrições alimentares, o governo de Kim Jong-un também adotou medidas severas contra o divórcio. Agora, casais que se separam podem ser forçados a cumprir até seis meses em campos de trabalho forçado, já que o regime considera o divórcio um ato “antissocialista”. Em outra medida extrema, Kim Jong-un alertou que quem celebrar o Natal pode ser executado. A Coreia do Norte é conhecida por ser um dos países que mais persegue o cristianismo no mundo.
Um caso mais drástico da repressão cultural ocorreu em junho, quando um jovem de 22 anos foi executado por ter ouvido músicas de k-pop, o popular gênero musical sul-coreano, e assistido a filmes da Coreia do Sul. Esse episódio ilustra a determinação do regime em eliminar quaisquer influências da cultura sul-coreana, que eles veem como uma forma de corrupção da ideologia socialista.
Entre as diversas proibições, estão também regras que restringem o uso de vestidos de noiva brancos e o modo como as noivas podem ser carregadas pelos noivos. O uso de óculos de sol e a maneira de consumir bebidas, como em taças, também foram banidos, pois são vistos como traços da cultura do sul.
Os jovens parecem ser os principais alvos dessa repressão. Eles são frequentemente vigiados e suas redes sociais, assim como seus telefones celulares, são revistados pela polícia. O governo tem uma preocupação especial com os nomes e expressões que possam remeter à cultura do sul.
Em uma surpreendente tática de censura, a televisão estatal recentemente desfocou a imagem de um apresentador britânico que estava usando calças jeans, pois este tipo de vestuário é associado à cultura ocidental. Essas medidas revelam o nível de controle que o regime exerce sobre a sociedade e a tentativa de manter uma separação rígida entre as duas Coreias.