Goiás registra aumento de internações de crianças por queimaduras
Goiânia – Entre janeiro e setembro de 2025, Goiás contabilizou 369 internações de crianças com idade entre 1 e 4 anos vítimas de queimaduras. Esse número coloca o estado na terceira posição em internações no país, conforme dados coletados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) a partir de informações do DATASUS. No total, o Brasil registrou 3.613 internações para essa faixa etária no mesmo período. O Nordeste lidera a lista com 1.109 casos, seguido pelo Sudeste com 938, Sul com 777, Centro-Oeste com 527 e Norte com 262.
A pediatra Mariana Grigoletto, membro da ONA, explica que a alta incidência de acidentes entre crianças pequenas é atribuída ao seu estágio de desenvolvimento. “Crianças nessa faixa etária são muito curiosas e ativas, o que aumenta a probabilidade de se envolverem em acidentes, já que muitas vezes não têm noção dos perigos ao seu redor”, afirma a médica.
Riscos aumentam nas férias escolares
Durante as férias escolares, o cenário de riscos se intensifica. O calor e a curiosidade das crianças fazem com que elas explorem ambientes que podem não ser seguros. De acordo com a Sociedade Brasileira de Queimaduras, cerca de 70% dos acidentes ocorrem dentro de casa. Essa situação é preocupante, pois a combinação da curiosidade infantil, a rapidez dos movimentos e a falta de noção de perigo pode levar a acidentes graves.
Cozinha: o local mais perigoso
Entre os ambientes da casa, a cozinha é a área de maior risco, como confirma a pediatra. As queimaduras por escaldadura, que ocorrem devido a líquidos quentes ou vapor, são as mais comuns. “Um cabo de panela virado, uma xícara quente na mesa ou uma toalha que a criança puxa podem causar acidentes graves”, explica Mariana. Além disso, queimaduras causadas por chamas ou líquidos inflamáveis, embora menos frequentes, tendem a ser mais sérias. A ingestão de substâncias químicas, como soda cáustica, também é uma causa comum de queimaduras.
Cuidados no atendimento de queimaduras
Um dos principais erros que as famílias cometem ao lidar com queimaduras é o uso de água gelada ou a aplicação de substâncias caseiras, como pasta d’água ou óleo, na ferida. A orientação correta é resfriar a área afetada com água corrente fria, nunca gelada, por um período de 10 a 20 minutos. É importante remover anéis e pulseiras antes que a área comece a inchar, mas a roupa grudada na pele não deve ser retirada, pois pode levar à remoção de tecido saudável.
As crianças que sofrerem queimaduras de segundo ou terceiro grau, que afetem grandes áreas do corpo ou estejam localizadas em regiões como rosto, mãos, pés e genitais, devem buscar atendimento médico urgente. Da mesma forma, é necessário levar ao hospital crianças que tenham inalado fumaça ou sofrido queimaduras elétricas ou químicas.
Prevenção de choques elétricos e queimaduras solares
Os choques elétricos também estão entre os acidentes mais frequentes. Para prevenir esses casos, é essencial cobrir todas as tomadas e evitar o uso de fios desencapados e extensões improvisadas em casa. Além disso, durante o verão, as queimaduras solares se tornam um risco maior. Os especialistas recomendam o uso de protetor solar, que deve ser reaplicado a cada duas horas, especialmente após a criança sair da água ou suar.
Medidas de prevenção eficazes
Para diminuir o risco de acidentes domésticos, a supervisão constante das crianças é fundamental. Mariana Grigoletto sugere algumas medidas práticas, como colocar as panelas nas bocas de trás do fogão e com os cabos voltados para o interior, evitar cozinhar com a criança no colo e minimizar a presença delas na cozinha. Recomenda-se também instalar grades de proteção no fogão e forno, e evitar toalhas longas que possam ser puxadas.
É essencial manter fósforos, isqueiros e produtos químicos fora do alcance das crianças e garantir que líquidos quentes não fiquem em bordas de mesas. Durante o banho, a temperatura da água deve sempre ser verificada antes de colocar a criança. Por fim, pilhas e baterias precisam ser descartadas de forma adequada para evitar ingestão.
Essas ações são fundamentais para garantir a segurança das crianças e prevenir acidentes que podem ter consequências graves.