Oruam, um dos principais nomes do trap no Brasil, falou sobre as dificuldades que enfrenta por ser filho de Marcinho VP, que é visto como um dos líderes do Comando Vermelho, uma facção criminosa. Em uma entrevista ao programa Domingo Espetacular, da Record, ele confessou que essa situação é um desafio que o acompanhará por toda a vida. Oruam, cujo nome de nascimento é Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, disse que isso é um “fardo” que sempre estará presente em sua vida.
Ele também comentou sobre um projeto de lei que visa barrar a contratação de artistas acusados de promover o crime, um movimento que ficou conhecido como a “Lei Anti-Oruam”, proposta pela vereadora Amanda Vettorazzo. Quando questionado sobre se tentaria dialogar com a política, Oruam foi claro: “Nem quero! Não tem como ela entender minha realidade”, referindo-se à vereadora. Segundo ele, a política não sabe o que ele ou sua família enfrentaram.
Oruam argumentou que sua música reflete a realidade que vive. Ele não se considera responsável por incentivar atos criminosos. “Falar sobre armas ou o ambiente em que cresci não significa que eu esteja fazendo apologia ao crime. A associação que fazem entre a minha imagem e a do meu pai é um estigma que carrego”, explicou. Ele também afirmou que, ao aparecer com uma arma em um vídeo, pretendia apenas filmar um clipe, não promover a violência.
Sobre sua relação com Marcinho VP, Oruam se referiu ao pai como um “ótimo pai”. Ele falou que Marcinho tentou protegê-lo e a seus irmãos do ambiente difícil em que cresceram. “Eu não escolhi meu pai, mas se pudesse escolher, escolheria ele”, contou Oruam, que também defendeu o pai, dizendo que não é o líder que muitos acreditam.
O músico destacou sua trajetória e como conseguiu desviar do caminho criminoso. Ele afirmou que teve oportunidades e fez escolhas que o levaram à carreira musical de sucesso, ao invés de se envolver em atividades ilegais. “Eu poderia ter me tornado um traficante ou ladrão, mas escolhi a música”, disse, ressaltando que conquistou sua vida através do trabalho e do talento. Ele negou que a mansão em que vive no Joá, um bairro nobre do Rio de Janeiro, tenha sido comprada com dinheiro de seu pai, afirmando que alcançou tudo isso por conta de sua carreira.
Oruam também comentou sobre a influência positiva que o pai teve em sua vida, ensinando-o a ser honesto e humilde. Ele mencionou sua mãe como uma figura muito importante, tendo sido um apoio crucial enquanto seu pai esteve preso.
Em relação às polêmicas em que se envolveu, ele reconheceu que precisa ser mais maduro. O músico disse que, apesar de ser jovem, é responsável por seus fãs e que precisa levar sua vida mais a sério. Ele expressou seu desejo de melhorar a realidade nas comunidades, afirmando que enquanto houver crianças atraídas pelo crime, a sociedade perde.
“Não vim aqui para ser apenas mais um. Vim para dar voz a quem não tem”, concluiu Oruam, enfatizando que continuará fazendo música para expressar suas ideias e apoiar aqueles que se sentem invisíveis.