O filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles e indicado ao Oscar, está fazendo sucesso nas bilheteiras de Santa Catarina. Desde sua estreia em novembro de 2023, ele já arrecadou mais de R$ 3,5 milhões, o que o coloca como a quarta maior bilheteira de um filme nacional no estado desde 2001.
Recorde de público e permanência nos cinemas
Diferente de muitas outras produções que perdem público após as primeiras semanas, “Ainda Estou Aqui” tem se mostrado muito forte nas bilheteiras, permanecendo em cartaz por 15 semanas consecutivas. Durante esse tempo, mais de 170 mil pessoas assistiram ao filme em Santa Catarina. Na capital, Florianópolis, ele quebrou recordes de permanência, sendo exibido por mais tempo em três cinemas da cidade.
O impacto das premiações e fenômenos culturais
O sucesso do filme foi impulsionado por vários fatores, como a vitória no Globo de Ouro e as indicações ao Oscar. Além disso, a Semana do Cinema, que reduziu o preço dos ingressos para R$ 10, ajudou a aumentar o interesse do público. Especialistas do setor destacam que esse filme se tornou um verdadeiro "filme-evento", comparando-o a grandes sucessos como “Avatar” (2009) e “Barbie” (2023). Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas, comentou que “Ainda Estou Aqui” atraiu até pessoas que normalmente não vão ao cinema, cativadas pela discussão em torno do filme.
Atraindo diferentes perfis de público
O filme se destaca por conseguir alcançar um público diversificado. Em Santa Catarina, filmes nacionais costumam ter mais dificuldades em comparação com produções estrangeiras. No entanto, “Ainda Estou Aqui” superou essa tendência e se tornou um dos grandes sucessos do cinema brasileiro no estado. Felipe Didoné, dono de um cinema em Florianópolis, afirma que, historicamente, filmes nacionais não são tão bem recebidos no Sul, mas esse filme virou uma exceção.
Importância histórica e legado do filme
Além do sucesso nas bilheteiras, “Ainda Estou Aqui” possui uma relevância histórica significativa. O longa-metragem trata das consequências da ditadura militar por meio da história de uma família, trazendo importantes reflexões sobre a memória política do Brasil. O cineasta catarinense Zeca Pires considera que essa produção já se firmou como um marco no cinema nacional, ressaltando a necessidade de contar e lembrar essas histórias, especialmente em um momento em que muitos, segundo ele, defendem a ditadura sem entender o que realmente aconteceu.
O futuro do cinema brasileiro
Apesar do êxito de “Ainda Estou Aqui”, o cinema brasileiro ainda enfrenta desafios na sua recuperação após a pandemia. O crescimento das plataformas de streaming e a falta de apoio governamental são algumas das dificuldades que a indústria enfrenta atualmente. Marcos Barros ressalta a importância de políticas de longo prazo para fortalecer o setor, citando a Coreia do Sul como exemplo, onde o investimento na indústria audiovisual resultou em um mercado de sucesso.
Zeca Pires também destaca a necessidade de mais apoio à produção local, mencionando que o sucesso de cinemas em estados como Pernambuco, com filmes como “Aquarius” (2015) e “Bacurau” (2019), foi possível graças a incentivos estaduais. Ele conclui que a variedade de produções locais pode aumentar a qualidade e o impacto do cinema brasileiro no mercado.