Em Mosul, cidade localizada no Iraque, muitos edifícios históricos, como mesquitas, igrejas e torres com séculos de história, estão sendo restaurados e reabertos ao público após anos de destruição. Essa devastação ocorreu devido à ocupação da cidade pelo grupo extremista conhecido como Estado Islâmico (EI), que aconteceu em 2014.
Durante sua ocupação, o EI impôs uma ideologia violenta e atacou diversas minorias, promovendo mortes e a destruição de patrimônio cultural. Mosul era um lugar reconhecido por sua diversidade e pela convivência pacífica entre comunidades religiosas e étnicas. O retorno à normalidade começou em 2017, quando uma coalizão internacional, com apoio dos Estados Unidos e do exército iraquiano, conduziu uma grande ofensiva para libertar a cidade.
Essa batalha deixou a Cidade Velha de Mosul, localizada na margem oeste do rio Tigre, severamente danificada, com cerca de 80% de suas estruturas destruídas. Um dos momentos mais simbólicos dessa destruição foi a detonação da mesquita de al-Nuri, um importante marco da cidade, pelos próprios integrantes do EI na hora de sua retirada.
Após a ocupação, em 2018, a Unesco iniciou um ambicioso projeto de restauração para recuperar os marcos históricos de Mosul. O valor total destinado a essa reconstrução foi de cerca de 115 milhões de dólares, o que equivale a aproximadamente 665 milhões de reais. Esse financiamento foi coletado em grande parte pelos Emirados Árabes Unidos e pela União Europeia.
Recentemente, no dia 5 de fevereiro, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, participou de uma cerimônia de reabertura em Mosul. O evento contou com a presença de artesãos locais, moradores e representantes de diferentes comunidades religiosas que habitam a cidade. Ao longo do projeto de restauração, foram recuperados além de igrejas e conventos, 124 residências e duas mansões históricas.
A iniciativa também trouxe benefícios sociais significativos para a população local. Mais de 1.300 jovens receberam treinamento em habilidades tradicionais, promovendo a valorização do trabalho artesanal. Aproximadamente 6 mil novos postos de trabalho foram criados durante o processo de restauração. Além disso, mais de 100 salas de aula passaram por reformas e milhares de fragmentos de patrimônio histórico foram recuperados e catalogados a partir dos escombros.
Vale ressaltar que a diversidade na equipe de engenheiros envolvidos na reconstrução foi significativa, com 30% deles sendo mulheres. As ações positivas decorrentes desse projeto demonstram não apenas um esforço pela reconstrução física, mas também um passo em direção à reconstrução social e cultural de Mosul.