Um chocolate derretido deu início a uma série de descobertas que resultaram na invenção do forno de micro-ondas, um eletrodoméstico que se tornou praticamente indispensável nas casas atuais. Nos anos 1930, a tecnologia das micro-ondas começou a ser desenvolvida, principalmente para fins militares, como radares usados na Segunda Guerra Mundial. O engenheiro americano Percy Spencer, que trabalhava ativamente nesse campo, teve um “acidente científico” quando percebeu que uma barra de chocolate em seu bolso havia derretido enquanto ele estava próximo a um radar em funcionamento.
Curioso com o acontecido, Spencer decidiu testar essa nova maneira de aquecer outros alimentos, como pipoca e ovos. Ele constatou que as micro-ondas, que operam em uma frequência de cerca de 2,4 gigahertz, eram particularmente eficazes para aquecer os alimentos de forma rápida e eficiente. Essa descoberta levou à criação do primeiro forno de micro-ondas, patenteado pela empresa Raytheon em 1945 e comercializado em 1947.
O primeiro modelo de micro-ondas, chamado Radarange, era imenso e pesava mais de 300 quilos, além de consumir uma grande quantidade de energia elétrica e precisar de um sistema de resfriamento à base de água. Com mais de 1,70 m de altura, ele custava cerca de 5 mil dólares na época, o que equivaleria a aproximadamente 68 mil dólares hoje.
Apesar de sua invenção, o micro-ondas enfrentou diversos desafios para ser popularizado. Inicialmente, o custo alto e o tamanho avantajado eram os principais obstáculos. Além disso, as instalações elétricas das casas não estavam preparadas para suportar um aparelho de alta potência como esse. Outro problema era a maneira como os alimentos aqueciam dentro do forno, o que foi resolvido com a introdução do prato giratório, que garante um aquecimento mais uniforme.
A aceitação do micro-ondas também esbarrou em questões culturais. Muitas pessoas tinham resistência à ideia de usar um equipamento que alterava os métodos tradicionais de cozinhar e havia desconfiança em relação à segurança do aparelho, especialmente pelo uso da palavra “radiação”. A indústria alimentícia também precisou se adaptar, uma vez que certos materiais não podem ser utilizados no micro-ondas, como embalagens de alumínio e alguns tipos de plástico.
Foi somente entre as décadas de 1960 e 1980 que os fornos de micro-ondas começaram a se popularizar nas residências. A partir de 1970, o número de lares com micro-ondas aumentou consideravelmente, com cerca de 25% das casas dos Estados Unidos possuindo um aparelho na década de 1980.
As principais inovações que acompanharam a popularização dos micro-ondas incluíram a criação de magnetrons menores e mais baratos, o prato giratório e a inclusão de circuitos digitais que possibilitam a programação do aparelho para diversas funções, como descongelar alimentos.
Um ponto importante a ser destacado é que as micro-ondas não são prejudiciais à saúde. Elas utilizam radiação não-ionizante, ao contrário de raios-x, que podem ser mais nocivos. As micro-ondas aquecem os alimentos ao agitar as moléculas, especialmente as de água. Além disso, as precauções de segurança atuais garantem que não haja vazamento das ondas eletromagnéticas.
Hoje, o micro-ondas é um recurso prático que facilita muito o dia a dia, com sua capacidade de aquecer rapidamente os alimentos. É um exemplo de como um evento inesperado pode levar a inovações que alteram nosso cotidiano.