O movimento de “slow travel”, ou “viagem lenta”, é uma abordagem que busca incentivar os viajantes a explorar novos destinos com mais calma e atenção. A ideia é se conectar mais profundamente com os lugares, suas culturas e com as pessoas que vivem ali, oferecendo uma experiência rica e significativa.
Nos últimos anos, o turismo se tornou mais acessível, permitindo que mais pessoas viagem e conheçam diferentes partes do mundo. Isso tem um impacto positivo na economia local e no mercado de trabalho. No entanto, o turismo em massa pode trazer problemas, como a superlotação de pontos turísticos, aumento do lixo e a perda de tranquilidade nas comunidades locais.
A proposta do slow travel é oposta a essa dinâmica. Em vez de correr de um lugar para outro, os viajantes são incentivados a dedicar mais tempo em cada destino, aproveitando as experiências de maneira mais autêntica e respeitosa. O fotógrafo Alexandre Disaro, adepto do slow travel, passou um mês na Tunísia e encontrou cidades antigas nas montanhas com construções escavadas na pedra. Para ele, visitar esses locais requer um deslocamento calmo e a vontade de absorver a história local.
Para Disaro, a viagem começa bem antes da partida e se estende muito além do retorno para casa. Ele já passou meses explorando o Sudeste Asiático e a Índia, entre 2017 e 2018, e tem planos de revisitar o Japão, onde já esteve anteriormente. Durante suas viagens, ele busca conectar as experiências com as realidades locais, como caminhadas históricas que o levam a conhecer mais do cotidiano de cada destino.
Antonio Jimenez Gomez, que fundou a agência Slow Travelers, também acredita na importância de conhecer melhor os destinos. Ele organiza viagens que duram cerca de duas semanas, evitando os pontos turísticos lotados e priorizando experiências autênticas, como a visita a mercados e pequenos restaurantes. Enquanto outras agências oferecem roteiros rápidos, Antonio prefere ficar mais tempo em cada local, permitindo que os viajantes se aprofundem na cultura local.
Durante suas viagens, Disaro teve a oportunidade de criar laços com a comunidade local. Ele recorda um momento no deserto da Jordânia em que se conectou com um motorista de passeios, que o levou a conhecer a tenda da sua família. Essas interações são um aspecto cruel do slow travel, que prioriza não apenas o prazer pessoal do viajante, mas também a contribuição para a comunidade local.
O conceito de slow travel também sugere que os turistas evitem lugares onde apenas turistas concentram a sua presença. Isso geralmente resulta em experiências menos autênticas. Ao invés disso, Disaro encoraja a exploração de lugares menos visitados, onde é possível ter uma visão mais clara da vida local e aprender com as diferenças culturais.
É importante ter uma postura aberta e respeitosa diante das culturas visitadas, evitando atitudes que possam ser consideradas coloniais ou discriminatórias. O slow travel estimula a reflexão sobre como os turistas podem impactar as comunidades que visitam, incentivando um turismo que gere empregos locais e valorize a cultura.
Um aspecto fundamental do slow travel é a possibilidade de se permitir ficar entediado, abrir mão de uma programação intensa e apreciar pequenos detalhes em cada destino. Isso facilita a descoberta de lugares encantadores e experiências memoráveis que não fazem parte dos roteiros tradicionais. Disaro compartilhou uma experiência no Marrocos, onde fez amizade com um local que o levou a ruínas de sua infância, tornando a visita incrível e única.
Em suma, o slow travel é uma forma de viajar que vai além de simplesmente visitar locais turísticos. É uma prática que promove imersão, respeito e aprendizado, tornando cada viagem uma oportunidade de crescimento pessoal e compreensão cultural. Seja qual for o destino, é possível adotar essa filosofia, que se resume a um espírito de curiosidade e interesse genuíno pelas pessoas e suas culturas.