O departamento de comunicação do Pentágono enfrenta uma grande crise, conforme relatado por John Ullyot, ex-porta-voz que criticou a resposta do órgão a essa situação, chamando-a de “horrível”. Ullyot deixou seu cargo na semana passada, em parte para evitar trabalhar sob a liderança do novo secretário de imprensa, Sean Parnell. Em um artigo de opinião, ele descreveu um mês caótico, repleto de erros, disputas internas e uma relutância em tratar problemas à vista, optando por não assumir a responsabilidade.
Ele afirmou que o Pentágono está em desordem sob a direção de Pete Hegseth, o novo secretário de Defesa, e se referiu ao episódio que envolveu o uso do aplicativo Signal para discutir planos de guerra como o início do que chamou de “mês do inferno”. Quando a história começou a circular, Hegseth seguiu um conselho inadequado de sua nova equipe de comunicação, tentando desmentir a informação com uma declaração vaga que não esclareceu os fatos, dizendo apenas que “ninguém estava enviando planos de guerra por mensagem”.
Ullyot destacou que essa abordagem infringiu o primeiro princípio da comunicação em situações de crise, que é divulgar as más notícias imediatamente. A resposta ambígua de Hegseth sobre o conteúdo da conversa no Signal levou um jornalista que foi adicionado ao chat, Jeffrey Goldberg, da revista The Atlantic, a divulgar toda a troca de mensagens, transformando um incidente já problemático em um embaraço que durou semanas para a equipe de segurança nacional do presidente.
A situação se agravou com a decisão de colocar três importantes oficiais do Pentágono de licença e a saída de dois outros membros, incluindo Ullyot. Além disso, o departamento agora lida com novas alegações de que Hegseth também compartilhou detalhes de planos de combate em outro chat do Signal com pessoas que não tinham a “necessidade de saber”.
Ullyot questionou as alegações do Pentágono de que os três oficiais afastados – Dan Caldwell, Darin Selnick e Colin Carroll – foram colocados de licença por conta de investigações relacionadas a vazamentos de informações. Segundo ele, as autoridades do departamento tentaram desacreditar esses ajudantes de forma anônima, afirmando que foram dispensados por vazarem informações sensíveis, mas Ullyot sustentou que isso não é verdade. Ele também mencionou que, embora o departamento tenha afirmado que realizaria testes de polígrafo como parte da investigação, nenhum deles foi submetido a esse exame, e um dos afastados foi informado de que seria oficialmente liberado de qualquer irregularidade.
A repercussão das declarações de Ullyot foi rápida, e Donald Trump Jr. não hesitou em criticar as afirmações, dizendo que Ullyot não apoia a agenda “América Primeiro” e que seu comportamento desleal irá resultar em seu afastamento do movimento.
Além disso, Ullyot mencionou a revelação feita pelo New York Times sobre Hegseth compartilhar informações militares sensíveis relacionadas a ataques aéreos dos EUA contra alvos houthis no Iémen, em um chat separado com sua esposa, irmão e advogado pessoal. Hegseth negou as alegações, afirmando que as reportagens são parte de uma estratégia para desacreditar o Pentágono, oriunda de funcionários insatisfeitos.
Ullyot concluiu suas observações criticando a tendência do pessoal do Pentágono em disseminar informações incorretas a respeito de colegas que deixavam a equipe. Além da saída de Ullyot e dos afastamentos, o chefe de gabinete de Hegseth também está de saída, tendo iniciado a investigação sobre os recentes vazamentos relacionados a operações militares.
O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, defendeu a atuação do departamento, alegando que a imprensa, que se opõe à agenda de Trump, é obcecada por descredibilizar aqueles que buscam realizar um trabalho efetivo em prol dos combatentes americanos. Apesar de falarem sobre a prioridade à eficácia militar, Ullyot argumentou que o foco do Pentágono se desviou da guerra para crises contínuas no departamento, em um “mês terrível”.