Nos últimos dias, políticos e influenciadores da direita intensificaram a pressão sobre congressistas feministas de esquerda. O motivo é a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a saída do deputado federal Chiquinho Brazão, do Rio de Janeiro, da prisão, agora em prisão domiciliar.
Chiquinho Brazão foi liberado após a defesa apresentar um laudo médico que indicava risco de morte súbita. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco.
Nas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira, de Minas Gerais, destacou uma comparação entre os tratamentos recebidos por Chiquinho e Cleriston Pereira da Cunha, conhecido como Clézão. Clézão estava preso por sua participação nos atos de 8 de janeiro e faleceu em novembro de 2023, após sofrer um problema de saúde durante um banho de sol. Ferreira argumentou que Cleriston não teve o mesmo direito à prisão domiciliar que foi concedido a Chiquinho.
Outro político que se manifestou foi Lucas Pavanato, o vereador mais votado nas últimas eleições municipais de São Paulo. Ele fez uma crítica irônica à velocidade da mudança na percepção pública, dizendo que rapidamente passamos de “Marielle Vive” para “Brazão Livre”.
A discussão sobre esse caso se intensificou quando um internauta observou a diferença no tempo de encarceramento entre Chiquinho e Débora dos Santos, uma cabeleireira que foi presa por escrever uma frase em uma estátua em frente ao STF. Enquanto Chiquinho ficou 383 dias na prisão, Débora passou 742 dias encarcerada, o que levantou perguntas sobre a equidade nas decisões judiciais.
No meio dessa situação, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, ainda não se manifestou publicamente. Ela tem recebido inúmeras cobranças nas redes sociais, pedindo uma posição sobre a decisão do STF.
As deputadas Erika Hilton e Sâmia Bomfim, que fazem parte do mesmo partido da vereadora assassinada, o PSOL, também não se pronunciaram até agora.
Enquanto isso, a defesa de Adalgiza Maria Dourado, uma idosa de 65 anos presa por sua participação nos eventos de 8 de janeiro, está tentando conseguir o mesmo benefício de prisão domiciliar. Adalgiza encontrou dificuldades dentro do presídio feminino do Distrito Federal, onde enfrenta problemas de alimentação e falta de atendimento médico e psicológico. Seu advogado expressou preocupações com a situação dela, afirmando que ela poderia acabar enfrentando um destino semelhante ao de Clézão, enfatizando a gravidade das condições em que está detida.