Os Estados Unidos estão buscando intermediar um acordo de paz entre a Rússia e a Ucrânia, propondo, inicialmente, um cessar-fogo de 30 dias. Nesse contexto, a Rússia pode tentar conseguir a redução das sanções econômicas que pesam sobre sua economia.
As sanções, aplicadas pelo governo Biden, têm impactado significativamente a economia russa e debilitado seu setor de defesa. O ex-presidente Donald Trump já mostrou abertura para discutir a possibilidade de aliviar essas sanções em troca de um acordo de paz.
Especialistas em segurança alertam que a Rússia provavelmente tentará aproveitar qualquer alívio nas sanções para reabastecer rapidamente sua indústria de armamentos com tecnologia, especialmente de origem americana. Segundo Tom Keatinge, diretor de um centro de pesquisa, “é indiscutível que a Rússia tentará aproveitar qualquer flexibilização nas sanções que a permita acessar componentes vitais para restaurar sua debilitada capacidade militar”.
Os microchips são essenciais em diversos produtos, desde eletrodomésticos até tecnologia militar avançada, como mísseis balísticos e drones. Depois da invasão em grande escala da Ucrânia, em 2022, o então presidente Joe Biden restringiu o acesso da Rússia a esses microchips. Desde então, a Rússia precisou buscar esses componentes por meio de redes de mercado negro ou por meio de seu aliado, a China. Isso tem dificultado a rápida reparação ou substituição de sistemas de armamento essenciais que foram destruídos durante o conflito.
Além disso, Janis Kluge, associado sênior em um instituto de segurança na Alemanha, mencionou que a Rússia está muito interessada em adquirir sensores e peças para máquinas avançadas, bem como componentes de aeronaves e drones. Ele afirmou que a aquisição desses materiais tem sido cara e, em muitos casos, impossível devido às sanções. Kluge também ressaltou que a Rússia está ciente dos itens que não consegue substituir e vai se certificar de acumular grandes estoques, visando se proteger contra novas sanções que possam ser impostas no futuro.
O futuro de um possível acordo entre a Rússia e a Ucrânia ainda é incerto, e a situação se complica pelas recentes declarações de Trump, que ameaçou endurecer as sanções em resposta aos bombardeios russos na Ucrânia. Ele também anunciou a suspensão da ajuda militar à Ucrânia após uma reunião tensa com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy.
Os analistas alertam que, independentemente do formato de um eventual acordo entre Trump e Putin, o objetivo principal de Putin provavelmente não mudará: ele busca expandir e consolidar seu controle sobre novas áreas. Portanto, a manutenção das sanções é vital para limitar a capacidade da Rússia de continuar sua agressão.