O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira, dia 10. O recurso se refere a uma decisão do ministro Dias Toffoli, que em fevereiro desse ano, anulou os processos da Operação Lava Jato relacionados ao ex-ministro Antonio Palocci.
Toffoli tomou essa decisão baseando-se em um entendimento que já havia beneficiado o empresário Marcelo Odebrecht. O ministro apontou uma possível colaboração indevida entre os procuradores do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sergio Moro, que atualmente é senador. Apesar disso, Toffoli decidiu que a delação premiada de Palocci, onde ele colaborou com informações sobre os casos de corrupção, ainda é válida.
No seu recurso, Gonet argumenta que a defesa de Palocci não trouxe justificativas sólidas para anular os processos. Ele destaca que Palocci, durante a delação, admitiu a existência de evidências de corrupção, lavagem de dinheiro e outras irregularidades envolvendo a administração pública e o Grupo Odebrecht. A delação de Palocci, que é do Partido dos Trabalhadores (PT), fornece detalhes sobre como funcionavam os esquemas de corrupção.
Gonet pede que o ministro Toffoli reconsidere sua decisão ou, caso isso não ocorra, que a anulação dos atos processuais seja revogada. O procurador-geral esclarece que sua ação não é uma defesa das irregularidades cometidas durante a Operação Lava Jato, as quais já foram abordadas em decisões anteriores, que resultaram na anulação de algumas sentenças.
Ele também menciona o princípio da proporcionalidade, que afirma que a análise de casos com processos contaminados deve ser cautelosa para não comprometer a busca por justiça em casos complexos de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo Gonet, o juiz responsável deve garantir que os direitos legais dos envolvidos, como o direito ao contraditório e à ampla defesa, sejam respeitados durante todo o processo.
Antonio Palocci foi alvo de investigações devido ao seu papel como deputado federal e como ministro da Casa Civil, além de ter sido membro do Conselho de Administração da Petrobras. Ele ficou preso por dois anos e foi condenado a 18 anos de prisão. Porém, sua pena foi reduzida após a delação premiada, onde fez afirmações que implicavam até mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no esquema de corrupção.
Essa delação teve grande repercussão, mas também gerou reações, como a negativa do PT às alegações de Palocci. Marcelo Odebrecht, por sua vez, além de ser investigado como empresário do Grupo Odebrecht, também enfrentou um processo relacionado a esquemas de corrupção durante a Operação Lava Jato.