O deputado federal Coronel Chrisóstomo, do PL de Rondônia, protocolou um pedido para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar possíveis fraudes no programa “Cozinha Solidária”, do governo Lula. Este programa, que ficou conhecido como a “CPI das Quentinhas”, visa distribuir refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade social. A solicitação foi anunciada por Chrisóstomo durante um discurso na Câmara dos Deputados no dia 12 de abril.
Chrisóstomo afirmou estar em busca de assinaturas para instaurar a CPI, ressaltando a necessidade de esclarecer quem seriam os deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) e seus assessores envolvidos em possíveis irregularidades relacionadas ao programa. As investigações foram motivadas por informações que sugerem que alguns locais onde as cozinhas deveriam operar não apresentavam evidências de produção das refeições.
O programa “Cozinha Solidária” deveria ter sido conduzido pelo Ministério do Desenvolvimento Social, presidido por Wellington Dias, também do PT. Ele firmou um contrato com uma ONG chamada Movimento Organizacional Vencer, Educar e Realizar (Mover Helipa), que é dirigida por José Renato Varjão, ex-assessor do deputado Nilto Tatto, do PT de São Paulo. Até agora, a ONG recebeu cerca de R$ 5,6 milhões para distribuir essas marmitas, mas as refeições prometidas nunca foram entregues, embora o programa estivesse previsto para funcionar em 12 estados diferentes.
Na cidade de São Paulo, as suspeitas de fraude são particularmente alertadas em uma área da zona sul conhecida como “Tattolândia”, um apelido que remete à forte presença política da família Tatto, que tem uma longa trajetória de influência na política local.
A situação gerou uma repercussão significativa, levando à apresentação de uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) por parte do deputado Kim Kataguiri, do União-SP. Na denúncia, Kataguiri afirmou que há indícios robustos de corrupção, onde verbas federais foram supostamente recebidas sem a entrega do serviço para o qual foram contratadas, sugerindo que estas ações teriam ocorrido devido à influência de membros do Legislativo no governo.
O escândalo das “quentinhas” também motivou protestos de deputados da oposição. Em uma sessão na Câmara, eles levaram marmitas de alumínio para o plenário, gritando “quentinhas vazias”, evidenciando sua indignação com as acusações. Atualmente, a oposição está tentando criar pelo menos três CPIs no Congresso, além da que investiga o programa de quentinhas. As outras CPIs buscam investigar um déficit nos Correios e a possível interferência da agência norte-americana Usaid nas eleições de 2022, além de examinar questões relacionadas a supostas irregularidades no programa Pé-de-Meia do governo Lula.