Uma mãe de três filhos, de 7, 9 e 12 anos, compartilha sua experiência sobre dar liberdade e responsabilidade aos filhos enquanto eles crescem. Desde pequenos, a família discute os privilégios e responsabilidades que vêm com a independência à medida que as crianças envelhecem. Essa abordagem permite que os filhos desenvolvam autonomia, ao mesmo tempo em que ajuda os pais a confiarem mais neles.
A mãe cresceu em uma época em que muitas crianças voltavam sozinhas para casa, com a regra de “volte quando as luzes da rua acenderem”. Embora acredite que essa abordagem tenha suas falhas, ela também reconhece que a liberdade proporcionada por esse tipo de infância trouxe habilidades valiosas, como a independência, responsabilidade e capacidade de resolver problemas.
Ao se tornar mãe, ela decidiu proporcionar aos filhos o máximo de liberdade possível. Para garantir a segurança e a capacidade deles, a família implementou um sistema de suporte à independência, baseado na idade e nas habilidades de cada um. Por exemplo, as crianças começaram a brincar no quintal aos 4 ou 5 anos, desde que os pais confiassem que não sairiam para a rua. Com o tempo, elas puderam ir até a casa de amigos ou a uma loja próxima sozinhas, e, por volta dos 10 anos, já podiam andar de bicicleta pelo bairro, visitando parques e bibliotecas.
Essas experiências começaram em passeios em família, onde os pais observavam se as crianças olhavam para os dois lados antes de atravessar a rua ou se poderiam pagar sozinhas nas lojas. Assim que as crianças demonstravam que conseguiam realizar essas atividades de forma segura, podiam fazê-las sozinhas. No entanto, nem sempre tudo sai como o esperado. Uma vez, a filha mais velha foi à loja, mas estava sem dinheiro suficiente. Embora tenha ficado envergonhada, essa situação se tornou uma importante lição sobre lidar com despesas e tomar decisões financeiras.
Outro aspecto importante na construção da independência é a relação entre responsabilidades e privilégios. Desde pequenos, os filhos são incentivados a ajudar nas tarefas da casa, como esvaziar a lava-louça, dobrar toalhas e manter os quartos limpos. Com o passar do tempo, eles assumem essas responsabilidades sozinhos. Por exemplo, aos 10 anos, começam a cuidar da própria roupa e, por volta dos 12, a cozinhar um jantar para a família uma vez por semana, com o auxílio dos pais, quando necessário.
À medida que as crianças ganham mais responsabilidades, também recebem mais liberdade, como decidir quando usar dispositivos eletrônicos e quais conteúdos assistir. A troca de responsabilidades por privilégios não é uma transação exata, mas essa combinação ajuda no crescimento da independência das crianças.
Além disso, essas responsabilidades ensinam habilidades importantes para a vida e responsabilidade pessoal. Em algumas ocasiões, os filhos perceberam que não tinham as roupas que desejavam porque procrastinaram na hora de lavar. Uma das filhas, por exemplo, aprendeu a colocar lembretes no calendário para não esquecer o dia da lavagem.
Viver em um estado que protege a “independência razoável” para as crianças é uma vantagem, mas a mãe acredita que todas as crianças podem se beneficiar de oportunidades para desenvolver sua autonomia. Ela ressalta que, em algum momento, elas precisarão ser capazes de se cuidar sozinhas e enfrentar o mundo. Erros e experiências vividas em um ambiente seguro são essenciais para que aprendam a tomar decisões e se gerenciar em diferentes situações.
Essa troca de privilégios e responsabilidades também fortalece a confiança entre pais e filhos. Ver os filhos se tornarem mais capazes e confiantes é gratificante, e as lições aprendidas com erros, como esquecer responsabilidades ou usar mal os privilégios, são valiosas para formar crianças mais competentes e autoconfiantes.