Denise Fraga é uma das atrizes mais reconhecidas do cenário artístico brasileiro e possui uma visão crítica sobre a sociedade contemporânea. Com 60 anos de vida, a artista reflete sobre a conexão humana e a influência da tecnologia em nosso cotidiano. Para ela, a chamada hiperconectividade pode gerar um sentimento de ansiedade generalizada, uma questão que vem crescendo no país.
Recentemente, Denise participou de projetos no teatro e no cinema que questionam as normas atuais. No teatro, ela brilha ao lado de Tony Ramos na peça “O que só sabemos juntos”, e no cinema, protagoniza “Livros restantes”, dirigido por Márcia Paraíso. Para Denise, a arte deve resgatar o encantamento pela vida, e ela se propõe a criar um espaço onde possa unir teatro e samba, promovendo a troca de ideias sobre arte.
Durante uma entrevista por vídeo, ela comentou sobre como a calmaria do filme “Livros restantes” contrasta com a agitação da vida moderna e defendeu a leitura como uma maneira de enfrentar essa realidade. Denise revelou ter um carinho especial por obras de escritores como Machado de Assis e Clarice Lispector, indicando que esses livros sempre a ajudam em momentos de espera, como em aeroportos.
A atriz também ressaltou sua trajetória na televisão, onde já trabalhou em projetos que deram voz a pessoas muitas vezes ignoradas, como no programa “Retrato Falado”. Denise lembra com carinho das histórias de resiliência que ouviu dessas mulheres, afirmando que utilizou humor como um meio de convidar à reflexão.
Sobre seus tempos no programa “TV Pirata”, Denise se recorda com saudade dos bastidores, onde a diversão era constante. Ela fez seu nome em um programa que admirava, o que a deixou bastante nervosa no início, especialmente ao contracenar com Nanini.
Seu espetáculo atual com Tony Ramos destaca-se não apenas pela atuação deles, mas também pela generosidade e educação de Tony, que para Denise, se manifesta tanto em cena quanto fora dela. Ela comentou sobre como ele a inspirou a se redescobrir como artista.
Denise também refletiu sobre sua carreira, reconhecendo desafios enfrentados nos primeiros anos e como precisou se afastar do teatro em determinado momento. Voltou a se dedicar à atuação, sentindo que o teatro lhe trazia mais satisfação.
A artista mencionou Marília Pêra como sua grande musa, e reconheceu a influência de atores como Fernanda Montenegro em sua formação profissional. Denise acredita que, apesar das mudanças na TV, o formato continua a desempenhar um papel significativo na formação da sociedade, especialmente através de novelas que abordam questões sociais relevantes.
Sobre novas formas de consumo de conteúdo, ela comentou que não se sente atraída por assistir a novelas verticais, preferindo experiências mais tradicionais. Denise destaca a importância de permanecer atenta e concentrada, algo que considera um desafio na vida moderna.
Denise também compartilhou sua experiência de ter lido dez livros nas férias, reconhecendo que a leitura é um exercício que requer foco em meio a distrações. Ela está tentando implementar mudanças que a ajudem a se acalmar e a recuperar momentos de introspecção.
Por fim, Denise falou sobre seus projetos de palestras, onde busca compartilhar suas inquietações em vez de ensinar. Ela observa a pressão do mundo corporativo, que sugere liberdade, mas, na verdade, pode levar à escravidão do trabalho. Ela conclui que a arte serve para resgatar o encanto pela vida, e que ainda há muito por fazer e realizar.