Um perfil no TikTok está chamando atenção ao usar inteligência artificial (IA) para “trazer de volta” a icônica personagem Odete Roitman, que foi interpretada por Beatriz Segall na novela clássica Vale Tudo, exibida em 1988. Esse perfil cria vídeos que misturam humor ácido e comentários provocativos, atraindo muitos seguidores. Atualmente, a página já conta com 580 mil curtidas e 46 mil seguidores, carinhosamente chamados de “Roitman Lovers”. Os fãs têm a opção de assinar o conteúdo por R$ 29,90.
Um dos vídeos que se destacou tem mais de 1,2 milhão de visualizações e traz a famosa frase da personagem: “Querida, você tem que ser ruim de vez em quando, porque se você for pau para toda obra, toda hora vai ter uma obra.” Além disso, a IA também comenta sobre polêmicas do mundo das novelas, como a intriga entre os atores Bella Campos e Cauã Reymond, com uma pitada de crítica à produção da Globo.
Entretanto, essa prática de utilizar a imagem de uma personagem que foi criada por uma atriz falecida levanta questões legais. Especialistas em direito, como os advogados Raphael Santana e Natasha do Lago, afirmam que, no atual cenário jurídico, não há uma legislação específica que classifique como crime esse tipo de conteúdo. Como Beatriz Segall já faleceu, seus herdeiros não têm como reivindicar direitos de honra. No entanto, a Globo poderia considerá-lo uma violação de direitos autorais, caso utilize material da novela de forma que considere indevida.
A equipe da reportagem tentou contato com a Globo e com o TikTok, mas não obteve respostas até o momento. Os familiares de Beatriz Segall também não foram localizados, e o perfil da Odete digital não fornece informações de contato.
Vale Tudo continua sendo um marco na teledramaturgia brasileira, e o retorno da novela, agora em formato de remake, celebra os 60 anos da Globo. A nova versão está sob a direção de Paulo Silvestrini, com a autoria de Manuela Dias, prometendo recontar a história com novos elementos.
Essa combinação de nostalgia e inovação está atraindo a atenção tanto do público quanto das discussões sobre direitos autorais e o uso da imagem de figuras do passado.